O significado das palavras
Brasileiro tem mania de atribuir novos significados às palavras. Caiu na boca do povo, pronto! Por exemplo, banana. Hoje em dia não se pode mais dizer “eu adoro banana”. As mentes pervertidas já começam a iniciar seus recursos linguisticos para impor seu novo significado. As pessoas nem compram mais bananas, porque tem receio do pensamento do dono da feira. E para piorar nem a própria fruta ajuda.
- Ô tio, me vê duas bananas.
- Hum! Então é chegado numa banana.
- O quê? Não entendi.
- Nada não. Da Qual vai querer?
- Da nanica.
- Hum! E gosta das nanicas.
- Heim!?
Outra palavra que leva duplo sentido é o gozo. Talvez porque signifique ter prazer, desfrutar, divertir-se. Com essa nova lei do estágio, li no termo de compromisso que o estagiário deve gozar trinta dias de férias, preferencialmente em épocas do recesso escolar. Nem porco consegue ficar tantos dias gozando.
A tendência para criar os novos significados é atribuí-los, geralmente, aos órgãos reprodutivos. Veja se não estou certo: cano, cabo-de-vassoura (escrito assim porque torna-se, nesse caso, um substantivo composto), mangueira, buraco. Esse último é interessante.
- Manuel venha ver o buraco que fiz na parede de casa.
- Para eu ir ver seu buraco?
- É. Por quê?
- Como você sabe que estou interessado em ver seu buraquinho?
Até os animais entram na história. A começar pelo pinto. Até vejo uma relação entre o filhotinho e o referido. Mas ovos? O que há de semelhante entre os ovos? Ovos não ficam dentro de sacos. Outro animal que dá um novo sentido é o jumento. Esse até recebe dois. Chame alguém de jumento e veja o que acontece. Ele pode pensar “nossa, sou um jumento. Isso é bom, um elogio. Já viram um jumento na hora H?” ou pensar da maneira que normalmente é atribuída “nossa sou um jumento. Tão jumento que chego a ser burro.” Galinha é outra. Dessa nem preciso explicar.
Maçaneta, corrimão. Nenhuma menina gosta de ser comparada a esses objetos manuais, se é que me entende leitor.
Mas é assim que funciona uma língua. Todo dia novas palavras surgem, novos significados. É só cair na boca do povo e pronto! Não há como culpar os brasileiros. Esse costume já vem de muito tempo. Ainda na época dos romanos. Caralho, por exemplo. Vem lá do latim, e significa pau pequeno.
Perceba a palavra pau, outra que recebe um novo significado. No tempo romano, pau era madeira, árvore, assim como hoje. Até eles verem que aquele pau pequeno era algo que lhes parecia familiar. Aí virou mania e eles não tiravam mais o caralho da boca e esse costume persiste até hoje.