Tempos Pós-Modernos (3)
Hoje pela manhã, na barbearia, fiquei estarrecido ante o fato de que no bolo de revistas à disposição, havia apenas uma Isto É. As outras todas eram Caras e uma Cabelo&Cia.
Salão de barbeiro nunca foi lugar de leitura muito séria. Quando criança me acostumei a ler nesses ambientes exemplares de O Cruzeiro, Manchete e Fatos e Fotos. Podemos considerar as duas últimas como a pré-história de Caras. Mas a Caras e suas congêneres refinaram a baboseira e fizeram da auto-promoção, da venda descarada de espaço, como se jornalismo fosse, quase uma nova religião.
Embora de nome simples(acho que "do Onofre"), a barbearia está situada numa área de "classe média ascendente". Enquanto o barbeiro (será que era o Onofre?) reduzia a cabeleira do meu filho a um gramado alemão, por força da máquina três, eu fui obrigado a ver as imagens do Galvão Bueno comemorando, na Ilha de Caras, o contrato de R$ 100 milhões com a Globo e outras patifarias de uma gente que faz o gênero estúpido, mas que no fundo é muito esperta.
Por que não li a Isto É?
Porque a leitura no barbeiro têm que ser mais ou menos como aquelas loções e talcos: ligeiramente cafona, quase uma fraude, mas ainda assim longe de qualquer abuso.