SIBILUCA

Até meados da década de sessenta, viajando-se do Piauí a São Paulo, pisava-se no primeiro palmo de asfalto, somente ao entrar no estado do Rio de Janeiro. Por outro lado, embora tenha sido a Policia Rodoviária Federal, instituída desde 1928, o contingente era muito escasso, principalmente, no Nordeste. E, mesmo já existindo policiamento em algumas rodovias, naquele tempo não era proibido conduzir passageiros em cima das cargas dos caminhões.

Nascido na Canabrava dos Bentos, outrora distrito do município de Picos, no Piauí, Sibiluca empreendia constantes viagens a São Paulo, sem pagar e sem ganhar nada, só pelo prazer de receber vento no peito – engolir poeira era conseqüência. Para o proprietário, Sibiluca dormir na carroceria, significava serviço de vigilância, praticamente gratuito, simplesmente em troca da alimentação durante a viagem.

Perguntado sobre o que achava das viagens a São Paulo ele declarou taxativamente: “A viagem é boa. Só tem um problema: para o dono do caminhão é servida comida quente e água fria. Pra mim, vem comida fria e água quente”.