A saúde em nossa aldeia chamada Brasil
Moro em uma aldeia chamada Brasil. É um vilarejo muito bonito e agradável para morar. Espaços abundantes, lembra um continente, parece um país, mas é uma aldeia. Recantos de beleza natural e construída. Um povo simpático e hospitaleiro. Dentre esses conheço um João da Silva.
Senhor de personalidade cativante que é chegado à uma caipirinha com feijoada nos fins de semana, e nos dias de semana também.
Um dia desses, encontrando com o médico da região, que é só um para toda a aldeia, que tem 8.547.403 km2, João avisa-o que e sua visita terá que providenciar um remédio para diarréia. Essa é quase constante nos moradores daquela região boêmia da aldeia, devido às noitadas e comidas pesadas.
" - Tudo ok, seu João - responde o doutor que tem uma excelente memória - tá anotado!"
Passado um tempo, João cria um problema em sua perna, liga para o 135, número pelo qual marca sua consulta, em sua casa com o médico da região. Dois anos depois o médico chega e pergunta pela saúde de João da Silva.
João, graças a ajuda do serralheiro da região, resolveu seu problema na perna. Amputou-a. Quase não sentiu dores devido a contribuição voluntária do anestesista que, usando as rolhas das cinco garrafas de vinho que João havia consumido na manhã da operação abafou os gritos.
Respondendo ao médico, sem querer ser incômodo, já que o mesmo havia se locomovido até sua casa na maior boa vontade para atendê-lo, lembrou-lo da dor-de-barriga.
" - Ah, sim, a dor de barriga - recordou-se o doutor - vou receitar um remédio..."
Passando mais um tempo, João desenvolveu um nódulo na coluna vertebral. Ligou para o 135 e agendou a consulta, avisando que era uma emergência.
Um ano e meio depois, o médico. Da cadeira de rodas, João olhava de maneia abatida para o funcionário público, que se locomovia com dificuldades na direção do morimbundo.
Como o problema já havia sido resolvido com a ajuda dessa vez do motorista do trator agrícola, João mencionou apenas a caganeira, que à essa altura era constante.
" - Nem precisava falar, minha memória de médico, não me engana, seguindo meu senso de observação, já sabia do que se tratava. Sabemos o que fazer." - Concluiu, receitando um tampa-cú.
Ao sair o médico, João decide acompanhá-lo até a porta, a cadeira de rodas não trava e ele segue direto escada à baixo. Cinco lances de degraus.
O médico diz: " - Ah, agora na próxima consulta, talvez tenhamos algo diferente de caganeira, até lá!" - E se afasta deixando João agonizante em cima do cocô de seus cães.
Alguns mêses depois, o reencontro. João da Silva tetraplégico em sua esteira de palha, respirando graças à ajuda de um escocês formado em gaita de fole que apareceu por ali. O médico pergunta, de maneira retórica: " - O que sente, João?"
" - Nada, mas não penso em morrer, a vida é uma dádiva e ..."
Antes que terminasse foi interrompido pelo doutor, que já sabia que o caso seria sério por isso trouxe um ajudante, um ministro das relações exteriores da aldeia.
" - Você vai ficar bem, acabaremos com sua dor." E sinalizando para o ajudante, sentenciou: " - 1500ml de morfina, 2500ml de adrenalina, 750ml de ácido Hialurônico e é claro senhor João, como eu poderia me esquecer do seu principal problema!?...dois comprimidos de imosec."