Querelas militares e familiares
Aos 52 anos, o velho soldado Francisco estava prestes a reformar-se. Disciplinado, ordeiro e cumpridor dos seus deveres, mas pouco estudioso, nunca houvera passado de simples soldado raso. Enquanto isso, o seu filho César entrara na PM há 5 anos, através da Escola de Oficiais, e já era 2º tenente.
No quartel, sempre que o soldado Francisco, pai, passava pelo 2º tenente César, filho, jamais prestava a continência regulamentar. Aquilo passou a incomodar o filho que em casa reclamou:
- Pai, lá no quartel o senhor é soldado e eu sou oficial. Tem que me fazer continência!
- Ora, não me aporrinha, menino. Prestar continência pra ti, meu filho, um moleque que mal saiu dos cueiros? Nem pensar!
Então, um dia, o velho soldado passou pelo oficial e não prestou continência. Irritado, o filho oficial chamou-o:
- Soldado!
- Sim?
- Por que não prestou continência para mim, seu superior?
- Ora, não me aporrinha, menino, vá se catar!
- Soldado, você está preso por insubordinação!
Chamou o ordenança e o velho soldado foi recolhido ao xadrez.
Francisco passou 24 horas preso, não resmungou, nada reclamou; libertado, foi para casa no mais completo mutismo.
O filho oficial chegou a casa de noite e o velho foi quem abriu a porta. Deixou o filho passar por ele, pegou um porrete, escondido atrás da porta, e meteu-lhe o cacete!
O filho, surpreso, gritou:
- Que é isso, pai, tá ficando maluco?
- Tô não, cabra safado, tô não! Tu és oficial lá no quartel; aqui, em casa, tu és meu filho, e aqui quem manda sou eu!
E o soldado deu uma surra de arrepiar no 2º tenente...