UMA 'DEUSA' EM TORRES

Certo dia,

Caminhando despreocupadamente

Extasiado, parei abruptamente.

Ao meu encontro, na mesma calçada,

Uma “deusa” de mim se aproximava,

Bela e elegante caminhando lentamente.

Transmitia aquele brilho no olhar,

Que desperta, em todos, no mesmo instante

O incrível desejo de amar!...

Seu rosto, de uma beleza fulgurante

Em seu sorriso bailava um misto

De ternura e carinho constante.

Seu corpo, doce fonte de energias

Que me envolve na paixão. Senti naquele momento

O coração para fora querer saltar,

Na intensa emoção que vem me transformar.

Como um bobo, fiquei a lhe observar

Estonteado, o pensamento a indagar:

‘ Como pode existir alguém, assim tão linda,

Sozinha, pelas ruas da cidade a andar?

Ela que em segundos tirou-me da realidade,

Nada ouvia, mais nada eu via,

A não ser a escultura em forma de mulher.

Mudo, estagnado em meio à calçada,

Sentindo descargas de mil raios a me atingir

Fiquei sorrindo, como um abobalhado qualquer.

E o amor, aquela candura

Achega-se e com doçura vem me falar:

A voz, finos acordes em meus ouvidos,

Música suave a perguntar por onde seguir.

Irresistível vontade de lhe abraçar

E como um insano, desesperado,

Calorosamente seus lábios beijar.

Inesperadamente, alguém a minha frente

Toma-lhe as mãos e lhe prende

Fazendo com que desperte subitamente

E de meu transe acordar.

Estarrecido, com o pranto a me aflorar,

Fiquei pedindo ao céu, implorando,

Para ele não a segurar e dali não a levar.

De tanta gente esbarrar, trombar e pedir passagem,

Contrariado, fui obrigado a me retirar.

Hoje, um pouco mais triste, fico a me perguntar

Se não foi apenas uma miragem,

Lembranças de alguém distante

Que guardo com amor e carinho

No inútil cofre das recordações,

Onde esta escrito no cadeado,

Aqui dentro, mora a desvairada saudade

De um tempo jovem e feliz,

Que tristemente ficou no passado

Conclusão

Não existem ‘deusas’caminhando

sozinhas, todas elas sempre têm um ingerido

que as vive a guardar.

E de nada vale, como um abobalhado ficar

apenas a admirar.

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 01/02/2009
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