Palavrões!
O negócio é que eu não falo palavrão. É. Não falo. Desde pequena. Já dizia minha mãe que palavrão, é feio! Mas bem que ela falava, e ainda fala. Ela, meu pai, às vezes, e meu irmão, muito raramente. Meus primos, que coisa! São desbocados! Minha madrinha, até mesmo meus avós. Mas eu, eu não. Não consigo. Costume, o que posso fazer? Meus amigos, até um professor, eu já ouvi. Palavrão, palavrão. Eu não falo. É estranho, eu sei. As pessoas começam a perceber isso em mim.
É mais forte que eu. Veja bem, vou tentar, eu vou tentar: Cara... cara.... CARAA! Não vai, não consigo!
Claro que já fui obrigada a pronunciar um cara... cara... Respire. Um caralho! Sim, contando algum caso isolado, ou alguma piada suja, ou até mesmo lendo algum texto que continha palavrão. Claro que já acabei escrevendo coisas que contiveram palavrões, afinal, dependendo do que é, escrevo o que é real. Tenho que descrever a realidade, o que as pessoas são, o que as pessoas dizem.
Você é aquilo que come? Aquilo que diz?
Acho feio, me desculpe. Substituo, já é um costume, caramba! Ou então vá pro inferno! Diz aí, mandar a pessoa ir pro inferno é muito mais lógico do que mandar ela ir para... Para... Bem, como dizer? Puta que o pariu! Porque vamos fazer uma análise melhor disso, uma interpretação de texto: você já mandou seu amigo pra puta que pariu? Eu aposto que já. Mas, pô! É a mãe do seu amigo! Ela é mesmo uma puta? Quantas mães são ofendidas em vão por culpa sua? Já pensou nisso? SEU FILHO DA PUTA! Coitada dessas mães... Ta, tudo bem, algumas até são... O caso é que várias acabam sendo generalizadas.
Agora eu mando você ir pro inferno, certo? O inferno é muito pior do que a puta da sua mãe. Se sua mãe não for puta, não vai ser ruim você ir “para ela”, afinal, ela é sua mãe.
E se ela for, também não será ruim. É muito pior ir pro inferno. O inferno é aquele lugar onde muitos acreditam que é terrível. Se é terrível eu não sei, mas a palavra inferno já dá toda uma espécie de apavoramento só por ouvir a palavra.
Bom, filho da puta é um dos mais comuns. Agora vamos subir um degrauzinho, caralho! Caralho! Que horror. Detesto. Afinal, por que caralho?
De novo, analisaremos o texto: Caralho. O que é caralho? Palavra sinônima de... Pênis? Quem inventou isso, hã? Por que falar pinto não é ruim, e falar caralho é? O que tem a ver pinto com pênis? Pobre pinto... lá estão os pintinhos... Um pinto pode ser um pênis, ou um caralho, e um pinto pode ser o filho da galinha. Ei, to falando do reino animal, ta? Sabe? A galinha? Côcó? Côcó? Então... Ela tem os pintinhos...
Bom, mas enfim, voltando aqui, não me desconcentre. Quero concluir sobre o caralho. Você deixa um prato cair no chão. Agora ele quebrou. Quebrou, e sujou seu chão. Agora você precisa limpá-lo. CARALHO! É o que você berra. Qual a lógica disso? Qual a lógica berrar isso? Me diz, me diz! Pior ainda são os homens berrarem isso. Ficam por aí, berrando o nome do seu órgão genital! Não que o órgão genital seja uma coisa abominável e destruidora, horripilante (em alguns casos é sim), mas ainda sim, os homens, seres extremamente machistas – excluam os gays desse texto- , ficam aí, gritando o nome do seu órgão genital. Deveriam pensar melhor no que falam.
Ainda no tema caralho, analisamos aqueles que falam “caraio”! Não servem nem para falar o palavrão corretamente. O negócio já é feio, ainda falado errado piora a situação, meu amigo. Ta entendo o raciocínio? Ou você ta com “pobrema”?
Subindo mais um degrauzinho, seu “fio” da puta, suba, suba caraio! E vá tomar no... cu?
Tomar no cu. Tá, qual a lógica? Vai tomar no cu! Hã... hã... cu... cu... O que é um cu? Para mim mais parece uma onomatopeia ou uma coruja. Você está nervoso, e manda a pessoa tomar no cu. Sim, aquele buraco, atrás da sua bunda. Que coisa horrível. Que coisa mais depravada. Que baixaria! Você não consegue discutir com a pessoa sem falar palavrão? Não há nada mais elegante, e legal, e divertido, que discutir com uma pessoa sem falar palavrão. A pessoa está lá, te xingando, e você esta rebatendo com ela, mas não esta mandando ela tomar no cu! Bravo! Bravíssimo!
O que seria uma pessoa tomando no cu? É melhor eu não pensar...
Prefiro dizer para ela ir ver se eu estou na esquina. Nada mais irônico. A pessoa está te enchendo o saco, e você tranquilamente, ou não, manda ela ir... ir... “Ah, vai ver se eu to na esquina!” E o melhor, amigo, você não está na esquina!
Há outro ponto GRAVE. Cu com acento. Cú. Que cú? Que cú? Se é pra mandar a pessoa ir... ir... fazer isso aí que você adora dizer, então manda ir certo, né? Adora colocar acento no cu, né? Aiaiai...
Porra! Porra é forte hein?! Tanta coisa pra berrar, e você grita porra! Nojento isso, nojento!
Também há a bu... bu... Ai gente, essa é tão feia! Não gosto de dizer. Vamos lá, é necessário: a buceta. Você grita isso. Buceta, sinônimo de vagina. Há também apelidos para esse órgão, mas aí são apelidos mais carinhosos, como: periquita (mas qual a ligação?) xoxóta (esse é patético), xana, (é. Xana... até que vai), Jones, (eu já ouvi essa) e outros... É mais bonitinho que buceta, mas muito mais patético do que vagina.
Você chama sua cabeça, ou braço, ou qualquer outra parte do corpo de outro nome? Você chama sua cabeça de bola de futebol? Seu braço de tronco com raízes? (sacou? Tronco com raízes, as raízes seriam os dedos).
E por que essas palavras são consideráveis como palavrões? Porque palavrão não é uma palavra grande? Hein? Se eu falar: Mas que vagina! Vai ser um palavrão também? E se eu inventar um palavrão?
- Sabe o que você faz com esse seu texto? Enfia no blécufirium!
E você, você vá pra bastoniti! Xelmôca!
Pronto. Estou te ofendendo.
Tá, nesses casos, eu mandaria você ir pra Xelmôca, e você daria gargalhadas e eu também.
O negócio é que nada faz sentido. E, independente de achar ou não sentido nos palavrões, eu não gosto deles.
Infelizmente, esse foi o maior número de palavrões ditos, pensados e escritos por mim. Estou nesse momento muito deprimida. Nada disso era pra ter acontecido.
Ah...