Educar

Claro que não basta responder todos os porques do universo, é sempre preciso mais e mais pra me lembrar que sou mãe.

Antes de mais nada quero destacar, pra mim mesma, que adoro ser mãe, nada pode ser mais maravilhoso que isso, mas também nada pode ser mais assustador que isso.

Final de semana poderia ser feito só de cinema, pipoca, brigadeiro de panela e passeio na casa da tia, mas não, não basta, tem que ter lição de casa.

“Tudo bem a lição é dela, eu to aqui apenas para lembrá-la que ela sabe e que no começo do livro tem a resposta é só procurar direito que vai achar.”

_ Mãe, me ajuda aqui

_ Fala filha

_ Mãe eu não entendi direito o que é pra fazer aqui.

_ Que tal você ler pra mim o que está escrito?

_ Circule as sílabas tônicas das palavras grifadas.

_ Ué Sara, o que tem ai que você não entendeu?

_ Agora entendi”- fala com rizinho meio amarelo.

“O meu Deus porque ela tem tanta preguiça de ler o que é pra fazer” – volto eu a lavar a louça.

_ Mãe (isso na verdade fala assim MANHEEEE), eu não consigo entender o que são oxítonas

“Ufa! Oxítona tá fácil” Vou lá eu didáticamente repito o que ainda lembro desse tema.

A pequena tem uma dificuldade absurda com matemática, mas eu não posso ensinar que é só dar uma enganadinha aqui e ali, decorar umas besteiras aqui e ali que passamos de ano e tudo dá certo, tenho que tentar ajudar e fazer dela alguém melhor que eu, afinal eu fui uma boa enganadora sempre. Parecia uma boa aluna, só parecia.

¬_ Sarinha, vamos estudar a tabuada? Vamos aprender duas nesse final de semana, quais você prefere?

“Claro que ela vai escolher 2 e 3”

_ A do 7 e do 8

“O que? Como assim 7 e 8? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA mas eu nunca consegui aprender quanto é 7x7”

_ Nossa filha que diferente começar por ESSAS.

“ O caramba, por que ela tem que começar por essas? SACO.”

_ É que essas são mais dificeis.

“Ai meu Jesuis Cristin, eu também acho essas mais dificeis”

_ Então você tem que fazer elas no papel para começar a estudar – falo eu bem confiante, mandando ela fazer a cola que tanto vou precisar – “Isso Sarinha confere mesm, conta nos dedinhos que eu também conto”

O método de decorar foi perfeito, repetindo um milhão de vezes, escrevendo, outro milhão, falando sem olhar, olhando, escrevendo de novo, olho fechado, olho aberto, repete, repete, repete.

_ Ótimo gatinha! Você está super bem na do 7. “Eu também to bem, to me superando” Amanhã aprendemos a do 8”

“Ufa! Sobrevivi a do 7, já sei que 7x7 é 49”

Dia seguinte repedimos a maratona com a do 8, também ficou ferinha na tabuado do 8 e quando fomos relembrar a do 7...

_ Ha mãe eu não lembro mais a do 7.

“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA”

_ Não fica assim filha, é só você ler algumas vezes a do 7 e escrever de novo que vai lembrar.

_ É só que assim eu vou esquecer a do 8, né?

“Sim é exatamente esse o meu problema com essa merda de tabuada”

_ Não filha não é assim, só vai dar uma confundida no começo mas depois você consegue sim, você vai ver.

_ Sei vou ver... Vou ver que eu não gosto de matemática. Mãe existe calculadora, porque eu tenho que aprender isso?

“Calculadoras, computadores, e tudo mais no mundo pode fazer conta. PRA QUE PRECISA APRENDER FAZER CONTA?”

_ Filha não é sempre que se tem uma calculadora no lado e também é importante saber como a calculadora faz para chegar ao resultado.

_ É? Pra quem?

Fingi que não ouvi e fui tomar banho

“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA”