O EU! E MEU CORAÇÃO.
Brigam,
O Eu! E meu coração
Em uma guerra íntima,
E fazem de minha vida
Uma tortura e muita confusão.
Diz o Eu: que é inútil a minha busca,
Esta ânsia a procura de alguém,
Que é melhor deixar como está
Porque mais tarde poderei
A dor e o desprezo lamentar.
Com desdém, sorri o coração;
Eu te acompanho pelas ruas de Torres,
Vejo tantas belezas, tantas catitas bonitas
Que me recuso a acreditar
Como podes viver solitário
Sem ter ninguém para amar?...
Com sensatez, retruca o EU:
Também, para quê, se estas bem assim
Sozinho e tranqüilo
Mas este bobo e trapalhão insiste em se apaixonar,
E em cada paixão, ele faz lágrimas dos olhos rolarem.
O Eu manda que siga, para que a vida complicar?
Se depois do amor,
Simplesmente viverás triste a penar!...
Bate forte o coração e reclama;
Que não existiu ainda nada de mais prazeroso
Do que um toque nos lábios,
Um beijo delicado e com calor,
As mãos entrelaçadas,
aquela corrente que percorre o corpo
Vibrando nas emoções do amor.
Que fazer deste meu Eu e de meu pobre coração,
Que vive estraçalhado nas angústias loucas da paixão?
Indignado, responde o coração:
Tu saberás ao escurecer os teus dias,
que findando o sopro da vida
Implorarás um sincero carinho
E findarás na mais negra solidão,
Verás que de nada vale
Chorar e pedir perdão.
Portanto esqueça este Eu
E suas reflexões descabidas,
Sem a menor noção.
Procure aquela que te faz feliz
E que não pretende nunca magoar
Este tolo, mas brando e doce coração.