Ônibus

Certamente você já passou por uma experiência de andar num ônibus lotado. Curitiba tem o paradigma do que chamamos de transporte público, entretanto a realidade dentro dos ônibus é a mesma em qualquer lugar.

Primeiro começa com a fila de espera, dezenas, centenas de pessoas esperando o “expresso alegria” chegar. Quando as portas se abrem, a cavalaria toma conta, quem quer entrar não consegue, quem quer sair desiste. Sempre tem alguma pessoa que fala como se fosse pra si mesma – aguarde o desembarque – sendo que quando entrou no ônibus não fez a mesma coisa.

Se entrar é um sacrifício imagine permanecer dentro dele. Alguns levam a sorte e conseguem segurar no braço ou na cabeça da pessoa mais próxima. Outros ficam rezando para que nas curvas o ônibus não vire com tanta intensidade. Os que possuem a estatura baixa são os que passam os maiores apuros. Geralmente ficam próximos da porta onde coincidentemente todos os outros passageiros também preferem ficar. Agüentam o mormaço verde que sai debaixo das axilas de alguns trabalhadores, a maior parte deles construtores civis, ou o sabor de bafo matinal saindo pelo orifício bucal.

E não podemos esquecer o pior e mais desastroso efeito moral dentro dos ônibus, o flato. Alguns pensam – melhor pra fora do que pra dentro – e o nosso nariz que agüente. Cinicamente os que liberam esse gás são os primeiros a reclamar – mas que pouca vergonha, tem gente que não tem educação mesmo, esses jovens de hoje – e assim chegam todos contentes ao local de destino, para mais tarde enfrentarem uma nova batalha que os nossos dias, ou os ônibus, nos reservam.

Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 13/01/2009
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