Inserido no contexto
Logo fecharam à porta sumindo em completo silêncio. A folha era de doer e continha a frase: analfabeto funcional. Sobre a mesa estava a mais verde consciência ferida. Ulcerada pela pesada régua dos conhecimentos rudimentares. Zero a esquerda. Zero.
O exame havia sido péssimo e sem nenhum significado. De personalidade inventiva, era de engraçados fumos de precisão na palavra. Escrevia levando a frase e levar a frase não confere a ninguém o bom uso do idioma.
- Você é analfabeto funcional! Inelegível. Há poucos dias no ônibus rumo ao mar alguns alunos tripudiavam o repetente. Alunos-funcionários.
- Quem foi Eva? Não sabe. Vai saber geografia?
O repetente humilhado sequer reagiu entre risinhos mal intencionados. Respeito é educação de maduros. Dependerá da necessidade prática ou teórica. Pouco importa se não conseguiu ver o eclipse porque estava na casa de campo. Sempre haverá um copo para desenhar outro zero.
Jogando conversa fora sobre absorção para aproveitamento das adaptações vocacionais e o saber, vale o critério de Marco Aurélio: corrigir sem melindrar. Exercitar a piedade, a liberalidade. Criando hipóteses de interatividade para aproveitamento sem feridas. Não é possível confundir analfabeto funcional com idiota funcional. No terreno do bom senso haverá sempre uma troca com cuidado e atenção afetuosa.
A vida inteira escrevendo crônicas sem levar em consideração todas as especificações ajusta-se apenas ao modo de nunca solicitar emprego sem as avaliações das altas formas gramaticais. O milagre está no estilo. Não basta quebrar as regras da comunicação prática na frase de visor. E, a saber, o tempo examinará tamanha singularidade. Pronto. Salta um otimista afirmando que no fundo há de imperar a busca exímia do conhecimento. Está o ego colorido e regalado. Reconfortado.
Aproveite as férias. Desligue-se. Lembre-se que acima de tudo somos analfabetos. O outro é indecifrável, nosso inferno. Continuamos na parte expressiva, analfabetos de tanto que há para cogitar no velho transcurso dos fracassados. Há muito conhecimento, além da conta, como diria Severiano. O velho Severiano de saber próprio a não dar de conta!. Tinha computador. O tempo do primário para ele era a memória da elegância simples da pessoa. Os livros da vida. Analfabeto funcional! Contra o sensaborão que sabe tudo, este sim. Presumido, presunçoso, demolidor no exercício da consciência, devorando. Ególatra, já que é inferno, inferniza. Dando-se a conversas doutorais. Enrolando-se em assuntos de altos galardões. Analfabeto funcional é o que lê, mas lê mal. O que escreve, mas escreve mal. O que navega quando é hora de dirigir o carro no trânsito desenfreado. O que tem dois bonsais e se apresenta como bonsaista. Infantil: apresenta um balão e diz que é balonista.
É claro que afeta qualquer criatura retirar dele o pálido direito que trescala da sensação de poder ser útil alguma vez na vida. Há despreparo, por falta de convivência, excessos existem quanto ao exorcismo das razões simplórias. Falta de paciência. Convidados à tecnologia versátil da rapidez implacável.
Vamos observar em paz: a trema cai, mas a pronúncia continua. Vivas ao Eleutério que não sabia ler e passou a vida inteira na frente do computador. Analfabeto funcional preferido, moderno e inserido no contexto.