OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO - TORCIDA TERCEIRIZADA

A História das torcidas remonta a república romana. Nas olimpíadas antigas, os esportistas participavam nus, então era proibido o esporte para mulheres e homem que é macho não ia ficar olhando outro correndo pelado balançando as coisas. Embora que nem tão machos fossem os gregos, eles gostavam mesmo era de segurar as coisas uns dos outros, com ampla reciprocidade e carinho, jamais torcendo pra não doer. Se às mulheres fosse permitido participar, teria havido torcida nas olimpíadas gregas. Todavia, somente em Roma é que se viu tal coisa.

Na Roma republicana podem-se ver os gladiadores especializando-se em torcer. Todavia, eram os pescoços dos adversários que eles torciam, os quais, às vezes, eram feras, como leões, por exemplo. Esse foi o primeiro tipo de torcida provável. Já a assistência desses espetáculos, geralmente torcia pelo gladiador, quando não estava com fome. Todavia, quando a fome era muita, o que comumente ocorria com a plebe romana, eles torciam mesmo era para o leão. Sem ter o que comer, o povo ao menos podia se deliciar vendo os leões saboreando os gladiadores, vingando a fome da assistência. Deliravam então com a nostalgia dos velhos tempos, quando ainda comiam.

Enquanto o animal torcia os dentes na carne suculenta de um gladiador, os torcedores enchiam a boca de água. Alguns deliravam mesmo, entrando em transe ao imaginar o sabor da carne suculenta ou atacando o companheiro a dentadas. Foi aí que teve início o urbs-canibalismo. Uma quantidade quase imperceptível desses urbs-canibalis enriqueceu, transmitiram o gene defeituoso para as gerações futuras, produzindo o que hoje se conhece por capitalistas selvagens, além de uma outra aberração chamada corrupto, animal em franca expansão, especialmente nas selvas do Planalto Central brasileiro.

A parcela mais moderada das torcidas famintas romanas continha-se, não devorando companheiros a dentadas, nem perdendo o raciocino com delírios, deixando para atacar os cachorros na rua. No início do período feudal eles migraram mais para o oriente, formando parte do que é a China. Por isso os chineses são baixinhos e comem também cachorros.

Observando tudo isso, Lucius Flávius Storquette teve a idéia de terceirizar as torcidas. Ele cobraria um Denário por torcedor, mas daria um pão para cada, o que lhe custaria uma déssima parte do Denário. Preocupado com as revoltas contra a classe privilegiada e exploradora senatorial que os pobres desempregados poderiam engendrar nos seus costumeiros debates nas esquinas durante a semana, Marcus Fabrício, que não tinha fábrica e nem criava empregos, achou excelente a idéia de dar pão para os torcedores na hora dos jogos. Assim desfazia a necessidade de criar novos empregos e os ricos romanos poderiam investir em monoculturas que dispensavam a mão-de-obra sem o menor peso de consciência, podendo reter todo o capital do mercado, engordando suas bundas, ou melhor, poupanças, ao mesmo tempo em que produzindo o colapso econômico que culminou no Feudalismo.

Surgia aí o conceito de torcida terceirizada, paga com pão para torcer para quem o patrão quisesse ou votar secretamente em quem ele indicasse. Claro que a plebe romana ainda não votava, mas os estrategistas de marketing daqueles tempos tão remotos tinham uma visão muito ampla do futuro, sendo também “augureiros” que quer dizer prognosticadores, que quer dizer adivinhadores.

Além do mais, não sendo obrigados a torcer com fome, os organizadores dos espetáculos não corriam o risco de a galera baixar e comer os leões, os gladiadores, a franquia de pipocas, as pedras da ARENA, etc., acabando com a festa e não tendo o que distrair a mente durante a semana. Pior seria se nesse desvariu gástrico eles comessem os senadores, os cônsules, os magistrados, os advogados e o Direito Romano. Quem cuidaria de roubar os cofres públicos até hoje?