Meu vizinho é um vampiro…

Dez de que ele se mudou naquela tarde chuvosa de uma sexta feira 13, aquela casa vive infestada de morcegos vampiros! Suas companhias inseparáveis da escuridão.

Meu novo visinho Eduard Gregori é um ser estranho... Ou será que para os vampiros ele e normal? Afinal se comporta como um. Sempre sai ao por do sol ou à noite, tem o cabelo preto e é sempre muito pálido. Sem falar que sua mulher é de assustar!

Eu moro na casa ao lado, mais precisamente no segundo andar onde fica meu mini posto de observação e controle dos vampiros vizinhos improvisado no meu quarto.

Outro dia fui tirar a prova se ele era mesmo ou não um vampiro, gastei toda a minha mesada em pencas de alho! E fui esperar na frente de seu portão até que saísse de casa.

Minutos depois la vem ele, o sol já se punha, e eu sabia que se o desmascarasse iria por meu pescoço a premio. Mais estava disposto a arriscar e fazer este sacrifício!

Na hora em que eu ia atacar, não sei se por nervoso, ou por momentânea sorte vampira, tropecei no gato da senhora Sulivan e deixei cair a penca de alhos! Que por ventura foram parar na cabeça do vampiro sortudo que por sua vez mais tropeçou no meu skate do que se esquivou. Quebrou seus dois caninos, pelo menos estava desdentado.

Fiquei um tempão de castigo injusto! Só tentava proteger-nos do risco de tê-los como vizinhos, e ninguém entendia isso! Nem se quer procuravam acreditar em minha verdade fatal! Passei por louco mentiroso.

Mas ainda não tinha a prova que eu queria. Então, depois de algumas semanas, peguei o enorme espelho da vaidosa da minha Irma. E bem na hora em que passava por mim, pulei em sua frente com o espelho em meus braços.

Na hora voltou correndo para dentro de seu ninho. Estava provado, ele era mesmo um vampiro! Depois da devolução do espelho percebi que ele só tinha esquecido as chaves, e por isso tinha voltado. Mas que vampiro esperto! Me passou a perna.

No dia seguinte, pela primeira vez me dirigiu a palavra. E convidou a mim e a minha família para jantar. Até parece que iria levar meus pais fácil assim. Onde já se viu! “quer-nos para jantar!”

Ele era mesmo esperto... Tinha percebido o que eu estava tentando provar e planejou minuciosamente nossa morte. Sem rastros! Estava lidando com algo muito maior do que pensei. Mas arquitetei logo um plano... E aceitei o “jantar”.

Ainda bem que meu pai sempre usava colarinho alto e gravata. Pedi para que minha mãe e Irma que usassem lencinhos no pescoço. Fui à igreja e me equipei com água benta, terços, algumas velas e crucifixos benzidos poderosamente pelo padre!... Afiei gravetos e cabos de vassouras velhas. Sem falar que uns alhos no bolso não fazem mal a ninguém, a não ser que seja um vampiro! Nada maior do que a Fé.

E lá fomos nós, a campainha ecoava pelo jardim dos Gregori. Estrondosa e medonha... A respiração era lenta e pesada o coração disparado. Quando... A porta se abre com um rangido. Uma sombra misteriosa para na nossa frente com um tenebroso “entrem!”

À medida que entrava pelo grande salão, ficava ainda pior! Tudo estava muito escuro, afinal para que servia cortinas tão grosas senão para bloquear a luz do sol?! Quase explodindo meu coração, chegamos à comprida mesa, onde deu para perceber elegantemente a luz de velas a única explicação a escuridão. Pois ainda era crepúsculo.

Apesar de tudo, fiz questão de sentar ao lado do senhor Gregori. Aproveitei para derramar um pouco de água benta em sua taça de vinho, ou sangue quando não estava olhando. Seja La o que for, teria uma bela surpresa! Ao se levantarem para fazer um brinde, coloquei um crucifixo no acento de sua cadeira.

Quando se sentou, falava calmamente e breve. Ate começarmos a sentir cheiro de queimado, saiu gritando e correndo... A cruz desaparecera, de certo ficou grudada em sua carne. Sua mulher tentava explicar que ele sofria dos nervos. Mas só nos sabíamos o que realmente acontecera.

Voltou calmo, sereno, e com um travesseirinho... Sentou nele comicamente com muito cuidado. Ao terminar de beber o vinho, começou a engasgar e se debater brutalmente soltando fumaça pela boca.

A essa altura, todos tinham percebido o que estava acontecendo. Na hora em que iam nos atacar, os terços foram muito úteis. Saímos correndo, e os últimos raios de sol nos protegeram. Nossa casa era segura, vampiros não entram sem serem convidados.

No dia seguinte não havia nem rastro desses tais visinhos. Estava provado, minha honrra era limpa! Não tinha me enganado.

Beatriz Baptista
Enviado por Beatriz Baptista em 24/12/2008
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