ARGUMENTO INFAlÍVEL

Eis que em uma família normal, uma discussão inevitável acontece entre mãe e filho sobre as últimas provas do ano. Cenário: sala de estar, mãe chegando do trabalho e encontrando o filho deitado no sofá estudando com o livro de cabeça-para-baixo(se é que livro tem cabeça).

A mãe:

- Meu filho, estude!

- AH mãe! Estou estudando faz um tempão!- Disse o filho.

- Deitado? Com a gramática de cabeça-pra-baixo?

- Anm?!...AHH!...Nem tinha notado...

- É, percebi que você não tinha notado. Já vi que estudou muito!Estude pra você não ficar de recuperação.

O filho com carinha de revoltado diz:

- Mãe, não aguento mais estudar. Sou um infeliz, tenho que estudar, fazer tarefas todo dia. Queria ser do maternal pra não ter tarefas e nem ter provas.

A mãe argumenta:

- Filho, se você fosse do maternal agora, ainda teria que estudar tudo que você já estudou, fazer as tarefas que já fez. Estude que você fica de férias logo e se "livra" por alguns dias disso.

O filho, que nunca se cala, disse:

- Então eu queria ser um grão-de-poeira. Um grão-de-poeira sim, é que é feliz!

A mãe, curiosa e admirada com o desejo do filho, pergunta o porquê e escuta dele:

- Um grão-de-poeira leva uma vida muito feliz. Não estuda, não faz tarefas, não tem provas. Vive por aí, deixando o vento levar ele pra onde quiser. Ser grão-de-poeira é a melhor coisa do mundo, mãe!

A mãe não se dá por vencida e lança o argumento final, utilizando-o inclusive para exemplificar parte o conteúdo da prova de português:

- Filho, realmente um grão-de-poeira pode ser muito feliz sob essa(pronome demonstrativo) sua(pronome possessivo) óptica. E será mais feliz ainda, se o destino dele for encontrar um narizinho(diminutivo) arrebitado de uma linda coleguinha(diminutivo) sua. Mas se ele(pronome pessoal do caso reto), por azar do destino, encontra pela frente um daqueles narigões(aumentativo) que esteja bem gripado, o que é mais provável porque(junto e sem acento) é um nariz bem maior, aí filho...coitado do grão-de-poeira! Na hora desse encontro, ele vai pedir a Deus pra ser um estudante.

O filho, enfim, acrescenta:

- Tá mãe! Você venceu...Vou estudar!...Mas isso foi iradamente nojento!