A gata "desviada"...
Passei uma semana para fora trabalhando e, toda tarde, findada rotina diária e a lida, a família se reunia pra tomar mate, após nos livrarmos do suor e da poeira, na cozinha do meu tio-avô (que devido ao tamanho, mais parece um salão de baile).
Entre um mate e outro, que vai na roda de chimarrão, conversamos sobre o dia que está findando, sobre a seca e as pastagens, sobre o gado e os pomares...Ou seja, tudo aquilo que é importante naquele cantinho do mundo onde a roda do tempo continua atrelada a caminhada do sol no firmamento.
Lá pelas tantas, minha tia-avó lembrou-se de que eu havia reclamado na hora do almoço que a minha gatinha angorá, que ainda não é castrada, armou um fuzuê dos diabos quando teve seu primeiro cio, miando tanto que parecia estar sendo esfolada viva. Calmamente, a velhinha voltou-se na minha direção e perguntou:
- Minha filha, assim que voltares pra cidade vais "desviar" a gatinha?
Ao ouvir isso, não aguentei. Tentei responder sem fazer gracinha, mas parecia que a minha língua havia ganho vida própria:
- Bueno, tia...Quem deve estar desviando a gata é o gato...Mas, se o cio tiver passado, é claro que eu vou castrar a bichinha...
Resultado? Uma velha emburrada durante o jantar e toda velha guarda rindo a valer da tirada... Afinal, eles sabem muito bem que, na nossa família, se alguém deixa a bola quicando, tem que ter consciência de que outro vai marcar o gol.