Uma rapidinha
A quem me pergunta porque prefiro Montaigne ao "mais-que-vendido" Paulo Coelho, explico: a diferença entre o pensador renascentista e o "mago rapidinho" pode ser comparada à distância entre uma jóia da Bulgari e uma bijuteria de camelô. Se me dispusessem R$ 50,00 reais para escolher entre um livro de Coelho e uma bijuteria de camelô, compraria a bijuteria, ainda que não me servisse, por motivos óbvios, e o preço me parecesse absurdo.
Mas agora me dou conta: Bulgari (*) lembra bastante a palavra vulgar, o que não deixa de ser irônico. E, a propósito, Montaigne não ligava a mínima para jóias, além de detestar a utilização da cultura como ornamento. Bom, o que eu queria mesmo era dar uma cacetada nesse coelho.
(*) P.S., em 08/10/2008: O que diz o Houaiss sobre a etimologia de "búlgaro": do lat. bulgàres,um ou bulgàri,órum 'búlgaros, povo da Mésia inferior', der. do top. Bolgar, antiga capital dos búlgaros no médio Volga, ou do tur. bulghamak 'misturar' ou bulga-mak 'revolver', pelo fato de os soldados fineses que conquistaram a Mésia (sVII) haverem-se mesclado com os eslavos locais; em fr., it., esp., port., al., ing., o top. Bulgária, doc. nessas línguas c. sXV, tem suf. de base lat. freqüente em nomes de países, conexo com –ia; no port. ocorre a f.divg. bugre, emprt. ao fr. bougre (1172) 'herético', do lat.medv. bulgàrus (sVI) 'búlgaro' e, p.ext. pej. 'herético', pois os búlgaros, como membros da Igreja greco-ortodoxa, foram considerados heréticos, adversários temíveis dos cruzados, esp. quando da 4ª cruzada; f.hist. sXIV bulgaro, sXIV bulgoto, sXIV bulgato