INCLUSÃO DIGITAL

INCLUSÃO DIGITAL

(Autor: Antonio Brás Constante)

A moda agora é a tal “inclusão digital”. Governos, empresas, ONGs, etc. Todos engajados em aproximar as pessoas do computador. Mas quando o assunto é informática, alguns pensamentos ficam pairando em minha cabeça, sobre como o cidadão comum encara essa coisinha estranha que chamamos de computador. Por exemplo: acho que o computador não foi feito para o sexo feminino. É difícil imaginar uma mulher segurando um “rato” com as mãos, alisando sua testa com a pontinha dos dedos enquanto esfrega o coitado sobre a mesa.

Ao receber o computador, as pessoas tentam olhar com simpatia para aquela caixinha que alguns dizem ser “mágica”. Parece inofensiva vista de frente. Com um protetor de telas coloridinho, mostrando alguma animação que faz gracinhas de um lado para o outro do monitor. Claro que aquela enorme quantidade de fios e conectores na parte traseira, lhes deixam meio preocupados. Pior que um computador complicado somente o seu manual de instruções, desenvolvido em várias línguas, mas incompreensível em qualquer uma delas.

Apesar do nervosismo inicial, é bom lembrarmos que um computador não deve ser tão difícil assim de operar. Afinal, qualquer criança sabe mexer nele. Daí recordamos que também não conseguimos entender as crianças, e a preocupação volta a nos atormentar. Nessas horas, os saudosistas lembram de suas antigas máquinas de escrever. Simples e fáceis de operar. Já o computador, se apresenta cheio de sons, luzes e periféricos, com seus cabos parecendo tentáculos, prontos para agarrá-lo.

Mesmo em meio ao caos aparente, nota-se que o computador é algo extremamente organizado e reservado, tanto que posssui uma pasta chamada de “meus documentos”, onde obviamente ele deve guardar os documentos “dele”. E por educação, não devemos bisbilhotá-los.

Uma das coisas interessantes na informática, é que antes dela os ladrões entravam em nossas casas pelas janelas, agora eles invadem nossos micros pelo Windows. A maior dificuldade aos iniciantes em computação, é terem que utilizar dezenas de teclas para interagir com outras dezenas de ícones. Você percebe o botão “iniciar” no cantinho da tela, e fica na esperança de logo encontrar um outro botão denominado: “desistir”.

Por fim, imagino que se a informática fosse uma religião, certamente o suporte on-line faria o papel de padre, para quem ligaríamos confessando nossos erros e pedindo auxilio para alcançar a salvação de nossos arquivos mais ocultos. Mais que uma religião, para grande maioria ela toma ares de maldição, pois qualquer coisa criada através da junção de “0s” e “1s” deveria ser queimada na fogueira, junto com seus criadores, para alívio de suas vítimas, atualmente conhecidas como “usuários”.

(SITE: www.abrasc.pop.com.br)

NOTA DO AUTOR: Divulgando este texto para seus amigos. (Caso não tenha gostado do texto, divulgue-o então para seus inimigos).

Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 25/03/2006
Reeditado em 18/05/2006
Código do texto: T128567