Madrugada e o telefone toca do outro lado da linha meu
cunhado avisando que minha sogra estava nas últimas no
hospital.
Saimos de casa com roupa de dormir pegamos o carro e
fomos para o hospital.
Meu namorido dirigindo feito louco pela avenida, passando
sinal vermelho, fechando outros carros.
Mal chegamos ao hospital e na recepção ouviamos os gritos
agonizantes e desesperado da minha sogra que estava na
emergência.
Meu namorido caiu no pranto, minha cunhada apostava que
era o coração, meu outro cunhado um AVC.
Os gritos foram perdendo força até que um absoluto si-
lêncio reinou.
Guilherme chegou com a esposa e a Silvinha soltou a perola
poxa morrer num sábado não é legal, legal mesmo é morrer
na terça ai emenda a semana inteira em férias.
Vandinha fuzilou ela com o olhar, mas cada qual já dava pal-
pite sobre o velório, contabilizando os gatos e relembran-
do os bons momentos da convivência com minha sogra.
Um café de máquina, um cigarrinho, lágrimas escancaradas
num tom dramático e as horas passando.
O dia já começava a clarear quando o médico nos chamou a
sua sala.
Vandinha foi a primeira dizer acho que mamãe morreu mes-
mo e lá fomos afoitos e desolados.
O medico vendo nossas caras assustadas fez uma careta e
pediu que nós o acompanhasse até a sala da emergência.
Fomos silênciosos, corações aos pulos e quando ele abriu a
porta ficamos com cara de fantasma.
Lá estava minha sogra, corada, sorridente e o médico disse
ela teve cólica abdominal.
Minha sogra interrrompeu ele dizendo não senhor eu tive
dor de barriga que subia até o coração causando um infarte.
O médico deu um largo sorriso diante de sua simplicidade e
nos tranquilizou afirmando foi apenas gazes, pum-pum se
vocês me entendem.
Caimos na gargalhada e pensei xiiiii peru só no Natal mesmo.
-camomilla hassan-