O ALUNO TEIMOSO

João Jordão era nosso colega de segundo ano primário. Morava na roça e levanta-se de madrugada para vir a escola. Sempre chegava atrasado e era teimoso como uma mula. Uma vez quando era época de tomar a vacina oral BCG, gastaram quatro professoras para segurá-lo e obrigá-lo a abrir a boca. Não adiantou nada, puseram o líquido em sua boca, e ele fingiu engolir, mas assim que viraram as costas ele cuspiu tudo. A professora já estava irritada com seus atrasos. Um dia ela avisou que se ele chegasse atrasado de novo iria ficar de castigo.

No dia seguinte, para variar, ele chegou atrasado. Esperou a professora se virar e entrou sorrateiro na sala. Mas não adiantou, ela viu e gritou:

-Atrasado de novo, né João?

Ele respondeu:

-Ah, fessora, a charrete do pai, tava cheia, e num me cabeu... eu tive que vir a pé...

A professora gritou:

-Cabeu não! não me coube! você vai ficar o recreio todo de castigo escrevendo cem vezes a palavra "coube".

Dito e feito, enquanto passamos o recreio pulando e brincando, o pobre João ficou na sala escrevendo: coube, coube, coube...

Terminado o recreio, voltamos para a sala e a professora recolheu o papel que havia dado ao João, para que ele escrevesse o castigo.

Contou as palavras, só tinha noventa e nove palavras, ela disse:

-Eu mandei você escrever cem palavras "coube" você escreveu só noventa e nove, por quê?

Ele respondeu na bucha:

-Ah, fessora, num CABEU no papel...

* * *

HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 14/11/2008
Reeditado em 14/11/2008
Código do texto: T1282640