COMER UM PAULISTA
Essa língua portuguesa! Às vezes rio do que escrevo, às vezes só outro ri ou quem sabe, alguém jamais riu. Eu estudava Tipologia dos Personagens - Plana e Redonda -, depois de re – Capitu – lar Machado, em minha casa no Rio, bateu uma vontade de comer um paulista.
Sai com o conceito na cabeça – meio decoreba: “O personagem plano é mais simples e possui atitudes previsíveis, função central estribada principalmente no ódio e no amor... tem poucos atributos e é facilmente identificável.
A personagem redonda é mais complexa, evolui durante a narrativa, possui atitudes imprevisíveis. Apresenta qualidades boas e más. Traz características físicas anunciadas pelo narrador, tais como corpo, voz, roupas, e perfil psicológico atrelado ao meio social, profissional, ideológico e no modo de pensar da sociedade de uma época...
Entrei no Supermercado e me dirigi, imediatamente ao açougue. Será que um açougueiro carioca vai saber atender-me? Afinal, um nordestino morando há mais de trinta anos nos Gerais, traz a mistura de diversas variantes lingüísticas.
Quero comer um paulista recheado. Será que devo procurar um lagarto?
Amigo – disse eu - quero comprar um músculo de boi para fazer um cozidão de panela. Você conhece esse músculo com o nome de paulista, lagarto ou nenhum desses nomes? Prontamente o açougueiro respondeu: “Tanto faz, paulista e lagarto é a mesma coisa. Você quer plano ou redondo?”