O Cio da Raposilda
Lá numa tenra puberdade
Num matinho da cidade
A raposa em tênue idade
Perdeu a sua virgindade
Para um cordeiro bem sapeca
Meio que levado da breca ao
Sentir o cheiro do cio da fêmea
Que ela mesma anunciou
À procura do seu homem
Toda metida à graciosa
Ela gritou alto e bom som
Que queria era um macho
Usava de um pseudônimo
Travestida de uma ovelha
Como chapeuzinho vermelho
Abanou o rabinho ao cordeiro
Que ligeiro, fogoso e faceiro
Despiu-a rápido e por inteira
E traçou-a nua e crua ali na beira
Do lago cristalino de um poema
Ela a se ver despida e possuída
Virou ensandecida a bandida
Gritando para a floresta toda
Que não era raposa, mas ovelha
E o cheiro insinuoso que desprendia
Era próprio de sua animal natureza
Ela requisitava de novo o seu hímen
Porque queria casar era na Igreja
E agora seria falada pela inveja
De que não podia mais negar
Que havia adorado ter que dar
Embora temesse que fossem falar
Qual espécie que foi nela fecundada
Porque germina ali em seu útero frio
Nasal de raposa com pele de cordeira
A Raposilda não sabia o que viria a
Brotar da semente que nasceria do seu ventre.
Hildebrando Menezes