MEU ADORÁVEL PITBUL
Antes eu tInha uma somambaia bonitinha.
Apática e decorativa, como os cacarecos que vamos
acumulando ao longo da vida.
Felicidade não se completa e resolvi arrumar um Pitbul.
Tão fofinho e zangado, pela manhã rosna se o dia clarea
com sol ou chuva.
Seus latidos animam qualquer deprimido, possui um dom
natural de minar qualquer auto-estima.
Quando afago ele avança se defendendo, quando o ignoro
chora inconsolável e parte meu patético coração.
Somos tão bonitinhos nas fotografias, seu fucinho cor de
rosa e a língua ofegante seriam capazes de amolecer os
mais duros dos corações.
Assim é meu Pitbul camuflado de cão manso sempre preparado
para o ataque.
Mas suas mordidas não doem, apenas dilaceram e o que são
machucados se a vida encarrega de cicatriza-los.
Simplesmente meu Pitbul é um adorável caozinho, que me leva
para passear.
Passeamos juntinhos na solidão e ele me compreende se sorrio
ele faz o mesmo, se me intristeço ele continua a sorrir.
Sua solidariedade comove os mais iludidos dos seres, talvez seja
somente reflexo daquilo que fechamos os olhos para não enxergar.
Mas se enxegar se torna confuso melhor ter um Pitbul de estimação
mesmo que seja ao contrário.
E um Pitbul de extimação ensina não importa qual o dialeto que vo-
ce fale ele sempre vai abanar o rabo.
Mas não ouse abandonar um Pitbul seu poder de atração é magné-
tico.
Como ser irracional assim são os reflexos do meu Pitbul, rosnando
de dia para dia, todos os dias infeliz e perdido em sua infelicidade.
E quando vamos passear ele sai me puxando pela coleira.
Somos uma dupla imbátivel, só não descobri ainda se eu direciono
meu Pitbul ou se ele me deixa sem direção.
Mas não faz mal, uma somambaia apática para um Pitbul foi tão
somente questão de tempo.
E suas semelhanças se tornaram iguais, ambos cacarecos que
agreguei a minha vida e agora não sei mais quais suas finalidades.
CAMOMILLA HASSAN