No sonho era moribundo
No quarto havia penumbra, silêncio, mulher, filhos e amigos,
ele estava deitado, já com os dias contados,
a consciência estava pra lá de pesada, tantas coisas feitas e não feitas,
a mea culpa estava um tanto difícil de fazer,
já sentia que ia pra cova, mesmo assim relutava em arrepender,
na mente um tanto perturbada dois seres o incentivava,
dum lado um anjo da luz, do outro um anjo das trevas,
o da luz incentivava dizendo: arrependa filho bendito, arrependa!
O das trevas atazanando: que nada filho maldito, não precisa!
A vontade de conseguir a salvação soou mais forte,
o moribundo começa o arrependimento:
-- Senhor, pra conseguir o poder, tive que mentir,
Falei contra a corrupção, prometi uma arrumação,
sei que o Senhor é brasileiro, vai me entender,
quando pertenci ao povão concorri na eleição,
não ganhei no começo, aí apelei na falação,
prometi defender a minha classe pra viver melhor,
os trabalhadores estavam marginalizados e estavam na pior,
ganhei bonito, fui coroado como um rei,
aí que foi dureza fazer tudo que prometi,
uma cestinha básica aqui, outra ali fui levando,
combater a roubalheira? Foi impossível,sô!
Continuou a ser preso só os pequenos,
quando engaiolavam os grandes, saíam como a velocidade da luz,
pior que briguei com um discípulo seu,
um tal Bispo que foi contra a transposição do Rio São Francisco,
as florestas, estão sendo depenadas, por causa das riquezas,
daqui há uns anos, ah, nem te falo, não será mais um país como este,
os índios, coitados! Não pude defendê-los também,
estão perdendo tudo, estes sim, estão marginalizados!
--- chega homem!... você já passou dos limites, soou uma voz,
--- mas Senhor, eu apenas tentei ser presidente,
--- não sou Senhor, sou apenas o representante dele,
como sua balança está pra lá de pesada o Sr. vai lhe mandar pro...
naquele instante o Luiz acorda, a esposa atônita, diz:
--- e homem continua com seus pesadelos,
--- sabe mulher, já te disse que não é mole ser presidente,
concorrer a reeleição estou pensando no dia de São Nunca!...