PÃO A BERDA
PÃO A BERDA
(Autor: Antonio Brás Constante)
Muitas vezes as palavras enganam quem as escuta, isto acontece muito nos dias de hoje, sobretudo em época de eleições. Mas para entender melhor isto, basta lembrarmos da história do “pão a berda”, que ninguém deve conhecer porque estou inventando agora.
Dizem que há muito tempo atrás existia um povoado muito pobre e necessitado, na província de Berda. O povo então, cansado de passar fome e privações, resolveu se rebelar. Cercaram o castelo de seu monarca e ficaram clamando em coro ao tirânico rei daquela localidade para que atendesse as suas súplicas. O rei (um homem de voz anasalada e olhar frio), foi até a torre do castelo e lá de cima gritou para o povo que ali se encontrava algo entendido como: “Pão a Berda!”, em seguida virou as costas e saiu. A população se encheu de esperanças ao ouvir aquelas palavras subentendidas como promessas de que logo receberiam um pouco de pão (os mais otimistas já pensavam até em pão com manteiga e mortadela dentro). Eles abandonaram o cerco, voltando contentes para suas vidas miseráveis.
O que o rei realmente quis dizer com aquelas palavras, somente ele mesmo poderia explicar, talvez se pressionado em uma CPI qualquer. O problema é que não é preciso ser um rei tirânico de um mini-conto fictício para dizer coisas que podem ser interpretadas de outras formas, geralmente influenciadas ao sabor de nossos desejos.
Voltando a vida real, podemos perceber em diversas ocasiões que fatos assim vem ocorrendo, e muito, em nossa sociedade. Principalmente quando as palavras advêm do maior antro de falácias que existe em nosso meio: o mundo da política. Ao ouvirmos um partido discursar que vai abrir mais escolas, o que acaba acontecendo é que aumenta o número de escolas... Do crime. Sempre organizadas e com bala na agulha (literalmente falando).
Se os políticos dizem que vai haver mais segurança, podemos ter certeza que eles vão tratar de segurar mais as verbas para uso em maracutaias. Segurando inclusive a contratação de policiais, utilizando o dinheiro para se cercar de mais seguranças para própria segurança. Quando falam em melhorar a saúde, pode apostar que é a saúde financeira de seus aliados, que depois de cada desvio de dinheiro público, comemoram com brindes de champanhe importado a saúde de seus comparsas.
E o povo fica a margem de tudo isso, como os moradores de Berda, que ao suplicarem auxílio, escutaram a voz da realeza dizendo para eles: “PÃO A BERDA!”, como quem diz: “me deixem em paz!”, mas que para eles soou como uma promessa de boas novas, proclamada por seu rei.
Enfim, devemos procurar estar sempre atentos aos atos e palavras de nossos governantes, antes que sejamos nós mesmos a receber um “pão a Berda” deles. Vamos demonstrar toda nossa indignação frente às tantas vezes eles se aproveitam do dinheiro de nossos impostos para uso próprio, penalizando-os através do voto, para que não se reelejam nunca mais. E se não gostarem, então vão eles mesmos a Berda, com as nossas benções.
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