Nina (Boxer) e Xéo (Fox Paulistinha)


CADELAS POLIGLOTAS DO ALÉM!



Não há coisa pior do que abrir a porta e deparar com o lixo espalhado por todos os lados na área dos fundos. Gerard tinha que ter deixado as sacolas no baixo? Que saco! – pensei.

- Ôoo, cadelas infelizes! Um dia ainda esgaaano Nina e Xéo!!! – desabafo.

Ouço um cochicho esquisito, nunca antes escutado... Surpreendo-me ao ouvir minhas cadelas conversando. Presto atenção ao que dizem. Nina é a maior, uma boxer que diz para a fox paulistinha:

- Aí, Xéo... Atrás do botijão de gás, tá assim de sacolas vazias. Vai lá e pega umas pra gente se divertir!

- Eu hein, Nina! A Dóris já tá p. da vida porque espalhamos o lixo e espia só a cara estranha dela olhando pra cá...

- “Relax friend”, Xéo! Espera a estressada entrar. Quando ela apagar a luz, nossa noite estará só começando! Aí a gente faz a festa.

- Sei, não, “chéri”... Sei não... Esqueceu daquele dia em que você me mandou puxar as toalhas do varal? Pois é... A Dóris ficou parecendo com nosso amigo Rex que morreu de raiva... Ela ficou furiosa! Por pouco também não estrebuchou no chão de tão irada. E eu fiquei ensopada! A peste daquela mulher me jogou um balde d’água fria!!!

- Qual é “miga”! Você sabe que a Dóris é assim, mas no dia seguinte vem toda melosa trazendo aquele rango maneiro pra gente... “Mó otária”.

Estava atônita. Era impossível acreditar que acabara de ouvir minhas cadelas falando. Que coisa mais estranha! Além de zombarem de mim, aquelas endiabradas eram poliglotas! Pensava eu, incrédula com tudo aquilo.

Corro para dentro de casa. Tranco portas e janelas. Apago a luz. Fico em silêncio para tentar ouvir mais alguma coisa.

- Vem Xéo... Anda! A porta está trancada e as luzes apagadas. Vamos espalhar sacolas para todo lado... Êeee, vidão!

- Meu Deus! Acho que espíritos imundos estão tomando conta até dos animais nesta casa- credoemcruzvirgemaria! – falei sozinha.

- Vou embora desta casa, quero sair deste lugar! Alguém me ajude! Socorro, socorro!!!

- Dóris, Dóris, acorda! Não avisei que comer melancia à noite dá pesadelo. – disse Gerard sorrindo.