Dono de gato ou propriedade do bichano? - Eis a grande questão...
Ás vezes, quando estou deitada na cama, impossibilitada de me mexer, pois corro o risco de ser unhada ou mordida por um dos meus amados gatinhos, fico me perguntando: quem é dono de quem afinal? Acompanhem meu raciocínio...
Sofás? Originalmente, peças do mobiliário da casa. Atualmente virou dormitório, poste de afiar garras e point das brigas que, inevitavelmente, rolam durante o dia.
Cama? A princípio, meu berço, meu local de descanso. Hoje, é um lugar onde eu tenho que me deitar depois de afastar os gatos, que me olham feio quando eu faço isso, ficando praticamente imobilizada depois de me espichar, pois ai de mim se me mexer e atrapalhar o sono de beleza deles.
Banheiro? Ta, não preciso explicar pra que eu uso, não é mesmo? Pra gataria, é o lugar onde fica a “minha pia pra beber água” (mesmo com trocentos bebedouros espalhados pela casa!) e eles parecem se divertir horrores, tentando entender porque razão estranha eu não tenho uma cauda, troco de “pêlos” várias vezes ao dia e tomo banho com água e sabão, quando eu tenho uma língua.
Mesa da sala de jantar? Originalmente, seria pra comer, mas, dependendo dia, mais parece uma praia, pois eles adoram ficar ali em cima tomando banho de sol. O perfeito Club Mediterram...
Armários? Deveriam servir pra guardar minhas roupas, mas se eu não trancar as portas vira um dormitório de primeira, escurinho e sossegado. Se alguém já teve que remover pêlos brancos de um casaco de lã preta, entende todo o meu drama.
Tapetes? Olha, teoricamente era pra dar a minha sala um ar aconchegante, mas, nos últimos tempos, se tornou uma fonte infindável de pêlos e o maior poste de afiar garras disponível na casa!!
Cortinas? Me livrei das últimas depois do meu adorável “gatinho” mais velho escalar elas, jurando que era um alpinista conquistando o Everest... E arrebentou o trilho, pois ele não faz o tipo mignon. Depois do susto, depois de ver se meu gato estava bem, lá estava eu, com um rombo na parede e um novo prejuízo...Mas... Bueno, faz parte!
Poltronas e cadeiras? Eram pra sentar, mas sempre (sempre mesmo!!) tem algum gato em cima, bem deitado, no melhor estilo marajá, te olhando com aquela cara de “minha filha, procura outro lugar ou te senta no chão!”
Vasos de plantas? Ah! Se não ficarem num lugar onde eles não tiverem acesso, são sérios candidatos a virarem um peniquinho maneiro!
Cesto da roupa suja? A princípio era só pra conter roupa suja, mas, se eu esquecer de fechar a tampa, é mais um lugar pra soneca!?!
Cozinha? Se eu não trancar a porta, a pia e o fogão são o paraíso (pra quem não sabe, gatos aprendem a destampar panelas com uma rapidez abismante!). Se o “fofinho” é do tipo marginal, aprende até a abrir o armário ou a geladeira... Daí, vocês podem imaginar o preju!
Eu mesma? A princípio, eu deveria ser a dona da casa e dos gatos. A senhora do castelo. A lei e a ordem. Hoje em dia eu caí na realidade: sou cozinheira, empregada e arrumadeira de caixa de areia!! Nem namorado consigo manter se eles não se agradarem do mancebo (aliás, meu gato mais velho é muito enfático nesse quesito, pois mija sem cerimônia alguma no maldito desafeto que está tentando roubar a “humana” de estimação dele... no caso, eu!). Não consigo ir ao banheiro sem ter um gato por perto. Não como sem algum deles estar na minha volta. Todo mundo sabe quando minha roupa é nova, pois é a única ocasião que ela não vai exibir pelinhos de gato! Não durmo sem um dos gatos não estar comigo (razão pela qual eu passei a ter insônia quando viajo ou durmo em casa estranha sem gato... Fiquei viciada em dormir sendo embalada por um ronronado).
Chegar tarde em casa, sem ser xingada ou censurada? Bom, quando passei a morar sozinha, achei que isso nunca mais iria acontecer. Ledo engano. Toda vez que eu demoro muito na rua, um dos meus gatos me bota a boca quando eu chego em casa, miando, bufando e balançando o rabo, como se me dissessem “onde é que você estava, sua desgraçada? Isso são horas de chegar em casa?” Pois é...
Outra proeza é entrar em casa com as sacolas de supermercado sem padecer vítima de um arrastão felino. É uma tarefa a ser planejada quase como se eu fosse invadir um país estrangeiro. Tem que ser rápido, sem hesitar e ai de mim se vacilar um instante. Tudo vai por terra (provavelmente, junto comigo...).
Limpeza? Sem comentários. Só posso dizer que fico muito de cara quando acabo de encerar o chão e vejo aquelas marcas de patinhas por toda cera molhada. Todos os dias eu varro tanto pelo do chão e do sofá que, se eu fosse doida, dava pra fazer outro gato!
Mas aqui estou eu... Reclamando. Me lamentando. Ah, como se bem lá no fundo eu não sofresse por querer, não é verdade?
A verdade é que eu adoro meus gatos. Mesmo eles tornando a minha vida quase que uma Faixa de Gaza (ou me enchendo de faixas de gaze...), eu amo cada um deles. Todos tem personalidades diferentes (eu diria até que extravagantes), assim como pelagens diferentes. Mas algo, todos tem em comum...Eu. A “guria chata” que escova, vacina, aplica anti-pulgas, dá o vermífugo de gosto ruim, manda castrar (quando não castra), dá banho, corta as unhas... Que é a mesma “mamãezinha querida” que pega no colo, faz cafuné, serve a ração que eles adoram, bota pra baixo do cobertos nas noites frias e não se importa que eles fiquem na volta, miando alto pra pedir atenção, pois adora fazer isso.
É difícil descrever essa dualidade, onde começa o dono e termina a propriedade, mas... querem mesmo saber? Melhor ser propriedade de gato que casada com um chato! Ao menos os gatos sempre ficam felizes em me ver, não me avacalham quando eu estou deprimida, sempre me acham o máximo e, o mais importante... Não me traem e sabem que é bom pra eles, ficando bem longe quando eu estou no auge da minha TPM!
Por isso, chega de negar a verdade! Cansei! Respondo com certeza a grande questão e me assumi: sou propriedade dos gatos e muito feliz por isso!