QUEM NÃO SE COMUNICA...

Já dizia o Velho Guerreiro,

“Quem não se comunica se trumbica”.

Completo e deixo por inteiro:

“Tem medo quem não se comunica”.

(Meu mesmo)

Imagine você indo ao médico e escutando isto: “Lamento informar-lhe, mas você tem uma Enfermidade de Scheurmann, com cifose acentuada, algias dorsolombares severas e deverá persistir com uma duradoura incapacidade de ereção peniana funcional”.

Creio que tirando a ereção peniana, exceto quem tem afinidade com os termos médicos, boiou legal, como diz o novo manual da língua portuguesa tuchistum.

O que o nobre esculápio queria dizer, mas não soube, era que o jovem está com má postura, caminhando para ser corcunda, com desvio na coluna, dor séria na região dos flancos e que já não consegue ter potência à conseqüência. Sacou?

Pois bem, comprei um roteador (juro que ele não arrota), que serve para ligar um modem (aparelho que permite conexões com a internet) a vários computadores, por meio de cabos ou comunicação wirelles (sem fio), via transmissão de ondas de rádio. Até aqui deu para captar?

O manual, como quase todos os manuais de computação e eletrônica, vem gravado num CD, onde para se ter acesso fácil, o comprador tem que imprimir, gastando o mesmo papel que deveria ser gasto pelo fabricante, mas que mente, dizendo que esta é a solução verde para não consumir celulose extraída de madeira. É uma bela desculpa que não cola, portanto não “é cológica”, mas passa.

Assim, imprimi o manual de instalação do roteador e me deparei com frases do tipo: “O Roteador wireless integra um switch de 4 portas, firewall, Roteador NAT e AP wireless”, ou ainda: “O Roteador cumpre com os padrões IEEE 802.11g, IEEE 802.11b, IEEE 802.3, IEEE 802.3u”.

Toco a me informar que raio quer dizer isto e fico sabendo que são normas internacionais de telecomunicação, me perguntando a seguir: “Me interessa isto?”

Continuam fundindo minha imaginação ao dizerem: “Oferece WPA/WPA2, autenticação WPA-PSK/WPA2-PSK/(sem vírgula?) segurança de criptografia TKIP/ES”. Será alguma prevenção ao ataque na minha futura tumba por seres alienígenas?

Informo que criptografar é: esconder protegendo o que escrevo. Asim: Coriluriruriorgustemaldirominei (Entendeu? Nem eu)

Aos poucos, crendo-nos eruditos ao descobrir tamanha parafernália oculta, esquecemos que a macacada tupiniquim está deixando que o “bushinglês” tome conta da língua mãe, com seus “4you” e outras praticidades(?) dominadoras, que começam pela língua.

Afinal lamber pode ser muito bom, se a lambida for deliciosa, se for só para nos exibirmos, aos poucos teremos picolé de pimenta brava, onde só é permitido lacrimejar com um sorriso nos lábios.

Criei há mais de 10 anos uma coluna intitulada “Pergunte ao doutor!”, que já transportei até para o Recanto, onde muitos leitores pediam-me a tradução de termos médicos, que não entendiam; do motivo de fazer determinados exames laboratoriais, ou tomar certos medicamentos, que deveriam ser explicados pelos esculápios modernos, de plantão eterno, “per omnia, seculum, seculorum”.

Fiquei tão indignado com o que ouvi, que resolvi e escrevi, doando de graça para leitura, o “Pequeno Manual de Consulta Médica” (também no Recanto e-livros), para em português de fácil acesso, os leitores saibam como obter uma boa consulta médica, “perguntando tudo ao seu doutor”, sabendo como avaliar um atendimento, um prosseguimento de terapia (tratamento) e o significado do uso de termos médicos inteligíveis, como insegurança de quem os fala.

Vejo sempre, enquanto me barbeio, um programa de entrevistas na TV e tenho o número do telefone da produção. Guardo-o no meu criado para quando o entrevistado for um “dotô” de qualquer profissão e falar “grumilhonices”, eu ligo perguntando o que significa aquilo.

Sabem o mais engraçado? A Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina no Jornal de Medicina de Março de 2002 acharam por bem indicar meu livreto, pequeno, simples e barato (de graça).

Se estou fazendo plim-plim? Não seu acomodado, brigue com esta dominação proibida por lei, com publicações de termos estrangeiros em literatura brasileira, que não funciona, por que a maioria dos brasileiros é acomodada e preguiçosa, quanto a adquirir cultura.

Azar de quem se acomoda!

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pergunteaodoutor@drmarcioconsigo.com