Mudança de bairro
Morava num subúrbio calmo do Rio e a conselho médico caminhava tranqüilamente toda manhã. Coisa chata, emoção zero.
Como não me sentia bem, coloquei a culpa no bairro. Mudei-me então para outro na mesma zona norte, mas de dita classe média. Agora sim, emoções fortes. Circundado por vários morros, que quando chove trás junto com as águas inúmeros objetos, tais como, colchões, fogões e até geladeiras. Mas isso ocorre até em Nova Orleans. Moleza. Comércio farto, de tudo nas calçadas, motoristas que avançam sinal mas têm a gentileza de deixar um pequeno espaço para pedrestres, entre os carros em cima do passeio público, é claro.
Mas o melhor da manhã é mesmo a hora de comprar o pão nosso de cada dia. Enquanto aguardo na fila, ouço estampidos de armas de fogo e como todo mundo, me abaixo, levanto, me abaixo, e nesse vai e vem já fiz melhor que qualquer tai chi chuan. Ótimo para o condicionamento físico. Após livrar-me dos pivetes e afins, consigo chegar em casa. Sair novamente? Só amanhã. Enfim a noite. Não precisa de luar: as balas que parecem querer anular a força contrária das outras dão uma luminosidade quase que incandescente. Parece até Reveillon. É bem verdade que tem-se de rastejar dentro de casa, mas também faz bem à saúde, haja vista treinamento do BOPE. Enfim quando acaba a praticagem de "tiro-oposto" da rapaziada, durmo tranquilo algumas horas para começar tudo de novo. Por hoje chega,
senão que emoção terei amanhã?