DE FÉRIAS...NA BANGUELA!
Tem me acontecido algo interessante.
A gente que gosta de escrever, é engraçado, parece que ficamos a procurar histórias para contar, e às vezes ficamos mesmo, mas ultimamente as histórias é que me procuram.
Na verdade, trazem-nas até mim.
Outro dia, alguém me disse, "ah, tenho um fato engraçado para lhe contar", e confesso que tenho feito filas para tantas histórias...e das boas, ao menos na minha avaliação.
Como não são minhas posso ter a tranquilidade de elogiá-las.
Bom, apesar de crônicas teoricamente contarem com a nossa participação ou visualização, o conto de hoje eu apenas o ouvi.
Ela, uma senhora sexagenária, tem uma mania muito comum: Fazer faxina nas engenhocas de papéis que vão se acumulando na vida da gente.
Contas pagas, papéizinhos de embrulhos, tickets de supermercados, de cartões de crédito, de publicidade.
E acho que ela está certa.É mesmo, papel que não acaba mais...
Mas o porém, é que costuma fazer a tal faxina em qualquer lugar.Na mesa do restaurante,no trabalho, na recepção do hotel, na fila das compras, no ônibus, no táxi.
Bobeou...ela joga fora. E não se preocupa muito com "o quê"!
-Vó...qualquer dia você ainda vai é se dar mal- sempre falou a sua neta.
E naquela oportunidade estava em férias com os netos adolescentes degustando uma água de côco lá no nordeste.
Pediu um salgadinho na praia e percebeu que dentadura inferior estava folgada.Ficou com medo de deglutí-la. Então, tirou-a e a embrulhou num guardanapo, enquanto bebia a água dos coqueiros de modo mais seguro...
Papo vai, papo vem, chegou a conta, o ticket, e lá se acumulou uma montanha de papéis...indesejáveis! Menos um, óbviamente.
-Ah não, vamos faxnar isso aqui, meninos...
E colocou os netos para ajudar.
Amontou tudo, inclusive a dentadura, juntamente com umas cascas de bananas que ecologicamente acondicionou embrulhada na sua bolsa, e dispensou tudo num container.
Exatatamente na hora em que o mesmo era recolhido pela betoneira do caminhão de reciclagem do lixo.
Ajuntou os netos, pagou a conta e procurou pela prótese.
-Meu Deus!, cadê a minha dentadura?
-Eu falei vó, eu falei...
-Falou o quê, menina?
-Vó, você faxinou a dentadura também. E agora vó? Você vai ficar banguela!
- Olha o lixo, menino, deve estar lá no container!
-Que nada vó, já tá lá no caminhão.
-Corram lá meninos, salvem a minha dentadura!
E lá foram os netos, correndo banguela abaixo, atrás do caminhão que já estava lá longe...
-Ô moço, a dentadura da minh"avó tá lá atrás, rápido, para isso, moço!
-Vó, tem jeito não, sua dentadura foi reciclada! Eu falei vó, que um dia essa coisa de faxina não ia dar certo!
Cinco dias faltavam para voltar a São PAulo, que a vovó os passou literalmente na banguela!
Se adiantou a lição? Enquanto me contava essa história, ia amassando e jogando fora os papéizinhos da viagem...
Bem, também adoro uma faxininha, mas por enquanto, esse risco eu não corro não...
Mas aqui vai a advertência: É melhor fixar as dentaduras.