AS MINHAS PRIMAS MARIQUINHA E MARICOTA, SEM ESQUECER A LURDOCA!

As minhas primas Mariquinha e Maricota são gêmeas, mas só no nascimento, pois no físico e no gênio não se parecem.

Maricota quando nasceu teve que levar umas palmadas na bunda para chorar, já a Mariquinha, como gosto de dizer, não nasceu, estreou!

Voces conseguem imaginar o berreiro?

Nossas vidas sempre estiveram entrelaçadas, fomos (e somos) muito amigas, como também meu irmão com o irmão delas.

Se elas puxaram a mim? Tirem suas conclusões depois deste relato.

Estudávamos juntas, na mesma classe, num colégio do estado (pois é, naquele tempo colégio estadual ensinava mesmo e sem a

quantidade de livros que se pede hoje em dia!). Minha irmã e a Lurdoca estudavam no mesmo colégio só eque em classe mais adiantada,

eram do tipo "boas filhas boas alunas", mas nós, despeitadas, chamavam de: "as sonsas"

Por uma brincadeira do destino, um dia nosso colégio resolveu "tremer" (depois nos explicaram ter sido uma acomodação do solo). Imaginem milhares de alunos, professores e funcionários correndo com medo. Neste momento fazíamos uma prova de história, nosso professor,

com excesso de peso, tenta sair pela janela e fica enganchado, a Maricota achou melhor desmaiar, enquanto eu resolvia tirar umas dúvidas que tinha numas questões, ou seja, colar...Já a Mariquinha corria agarrada com o Júnior, que era considerado "o gato da classe", nem ligando para irmã desmaiada no chão! Eu que, com o coração imenso que tenho, a sacudia no chão dizendo:- Maricota,

acorda, achei a resposta da questão 5!

Tempo bom, brincadeiras, molecagens, correrias soltas na rua! Quando voltávamos do colégio era uma alegria (para nós...), tocávamos a campainha das casas, virávamos o lixo, ficávamos a tomar banho de chuva na esperança de, com as roupas ensopadas, não irmos ao colégio no dia seguinte... Truque que nem adiantava, minha tia, maldosamente, colocava nossas fardas a secar atrás da geladeira e depois passava a ferro até que ficassem totalmente secas! E as outras? Como eu disse antes: umas sonsas!

Enquanto crescíamos nossos interesses foram mudando, passamos a olhar os rapazes de outra maneira, e já tínhamos até a capacidade de reconhecer que "elas não são sonsas, mas é o jeito delas mesmo!". Até que um dia minha prima Mariquinha se apaixonou pelo nosso professor de geografia.

Interessada, aprendeu tudo que tinha direito sobre a matéria, esperando uma oportunidade de manter altos papos com o professor. Oportunidade surgida numa festa dada pelo colégio, os famosos "bailes de formatura", alguém lembra? Naquele tempo tudo era motivo de festa: terminar primário, antigo ginásio, Científico, Normal, será que festejavam também o Mobral? Nem lembro! Nos arrumamos, enchemos nosso coração de esperança e fomos ao baile. Mariquinha conseguiu manter um papo "geográfico" com o professor, ajudada por algumas palavras copiadas na mão, afinal uma hora corre-se o risco da memóriafalhar...Quando de repente ela nota que um dos cílios postiço que usava caiu bem em cima do professor, ou melhor dizendo: na braguilha! Numa reação automática ela não teve dúvida: tascou a mão para agarrar o que lhe pertencia...o cílio! O professor, vermelho de vergonha, arregalou os olhos e gritou: - Mariquinha, assim não! Coincidência ou não ele não deu mais aula no nosso colégio, ficando a dúvida: será que ele era Gay?

Nosso divertimento era namorar, festas e praias. Nas férias íamos, em dias alternados, para a praia. Em um desses dias o mar estava um "piscinão", sem nem uma onda. Resolvemos ficar boiando, conversando, distraídas e nos afastando da praia. Quando a Maricota resolveu se levantar e não alcançou o chão se agarrou em mim me afundando e eu desesperada me agarro na Mariquinha, e lá ficamos as três a nos afogar, quando uma subia a outra afundava, no desespero agitávamos as mãos no ar gritando por socorro, enquanto minha irmã e a Lurdoca, deitadas na areia da praia davam tcauzinho, acenando de volta! Fomos salvas por nossos irmãos-heroís, o Alber e Rick!

Nessa fase da vida só ouvíamos de nossas mães: - Não DÊ! Isso é o bem mais precioso que voces tem! A primeira a casar foi a Maricota. Na lua de mel, depois do "depois", ficou a procurar algo, ansiosa, na cama. O feliz marido resolve perguntar o que há, e ela lhe explica que estava procurando o hímen para guardar de lembrança dentro de um vidro...Que desilusão descobrir que uma coisa "é tão preciosa" e nem serve para guardar! Ainda bem que ela nos avisou!

E a Lurdoca? voces me perguntam! Essa sempre foi calma, desligada, do tipo não tou nem aí , voces conhecem? Para terem uma idéia uma vez deslizei nas escadaria que dá para os quartos, vim lá de cima até o último degrau descendo de bunda, e ela sentada na sala, assistindo TV, quando olha para mim e pergunta: - O que voce faz sentada aí? E saibam que passei uma semana sentando de lado!

Mas essa família tem um segredo que vou descobrir agora: o maldito álcool! É só alguém tomar uma dose a mais e lá vem besteira.! Uma entrada de ano fomos passar no apartamento de uma prima, a beira-mar. Fomos a praia, assistimos a queima de fogos, desejamos um feliz ano novo quando a Lurdoca, que tinha tomado umas taças de vinho, resolve querer tomar banho de mar, nua, para dar sorte! Começou a confusão: uns, já "melados" a puxava para o mar, outros puxavam querendo levá-la de volta para o apartamento. Bem na hora resolveu passar uma rádio patrulha, achando que aquele puxa-puxa era um arrastão fomos todos parar na delegacia, alguns bêbados, todos descalços e sem documentos ( que tinham ficado no apê)! Sem dúvidas, ano novo na praia dá sorte!

Minha irmã e a Maricota tem algo em comum: a paixão pelo Rei Roberto Carlos. Num dos shows que ele veio fazer aqui, lá vamos nós assistir e levando nossas mães ( afinal esses "defeitos genéticos" herdamos de alguém, não?). Corre-corre, empurra- empurra, ufa, conseguimos lugar nas arquibancadas! Começa o show e a gritaria delas: Lindo! Tesão! Gostoso! Olha eu aqui! Gritam, pulam, acenam os braços, só que minha prima esquece que estava com uma blusa tomara que caia que não deu outra: caiu! E ela lá, pulando entusiasmada, com os peitos de fora. Minha irmã vendo aquilo e muito atenciosamente ( ou com raiva da maneira dela chamar a atenção do Rei...) resolveu ajudar erguendo-lhe a blusa, só que acabou virando o isopor ( sim, isso mesmo: ISOPOR! Imaginem 6 horas de espera e com os preços caríssimos...) com gelo, água, por cima do povo, latas rolando arquibancada abaixo, um verdadeiro rebu! Nesta noite elas conseguiram, enfim, chamar a atenção do Rei!

Voces, a esta altura, estão a imaginar que eu e minha prima Mariquinha somos as mais calmas...Puro engano! Somos as mais "arteiras", porém estas histórias ficarão para depois, afinal já combinamos de nos reunir no carnaval levando muita cerveja e vinho!

Um conto no qual misturo ficção com verdades (quais?. Ofereço as minhas primas Lúcia, Anézia, Acácia e minha irmã Ydalba. Em memória ao meu irmão Ricard e primo Alberique.

Fortaleza, 20 de janeiro de 2006.

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