Groselha e o mar
O Groselha usava grampões nos sapatos para pisar firme mesmo não sendo alpinista. Era do tempo em que os homens e mulheres procuravam raízes sem chance de marcha para o progresso. Como todo homem que escala a filosofia trivial ele também possuía um projeto universal. Alimentava um lado heróico do tipo odisséia sedento de glória. Algo tão sutilmente simples como as colunas do majestoso Partenon. Para que tenham idéia da modéstia do Groselha: dizia tecer sua humildade com ouro e seda nada mais além. Sem vintém ficava olhando a gente com aqueles olhos de vidro moído no cérebro de miniatura. Porém desde menino perdia a chupeta para a sopeira com grande facilidade.
Jovem ainda acreditava em si como possuído de excelência. Mesmo perdendo ganhava em todos os jogos. Roído de inveja se considerava a mistura perfeita de Chaplin com Einstein diante do espelho sujo da vaidade. Eram suntuárias as asneiras inventadas a partir do modesto vocabulário pequeno e tosco. Sem rápidos avanços e sem mestres seguia rindo dos professores. Para ele o átomo pesava quinze mil quilos e explodiam apenas sem combinação. Uma tinta especial era o porquê de um céu azul. Ficou embasbacado quando ficou soube das bactérias andando por toda parte livres de impostos.
Foi durante as Olimpíadas que o Groselha revelou uma construção por um lado e uma desilusão pelo outro.
- Triste humanidade! Começam ufanos jogos olímpicos na China e uma guerra cruel na Ossétia...
Após a semana de futebol quando adquiriu uma gripe de traz para frente, pois havia suado somente atrás da camiseta; aprimorou seu projeto de grandeza. O Groselha produziu um barco, estilo catamaran, aquele com balancim lateral para melhor estabilidade e mirou o bravio Atlântico, velho mar de Atlas, esperando circundar a terra inteira. Oceano feito rio único na visão de grego do Groselha. Assim se faz, como se vê nos filmes, dizia, desaparecendo semelhante a qualquer suco em pó misturado em grande quantidade de H2O.