Idéias para grandes editoras

A relação entre internet e literatura é uma só: são profundamente distintas. Escrever na web é como escrever no muro de uma rua movimentada. Como as editoras sempre publicaram de modo tímido, perto do volume de material virtual hoje disponível, as portas foram abertas. Suponho que não haverá uma compensação fácil de grandes nomes eleitos para o plantão nacional dos novos imortais. A grande idéia para editoras seria imprimir o que mais se destaca entre a monumental quantidade de lixo expositivo. Criando assim os novos gênios colhidos da web e veiculados em sincronia com a grande mídia. O processo de segmentação, a nova ordem tecnológica apurada, não deseja a liderança de opinião. É fácil dominar sem polarizações e controlar módulos com rastreamentos executivos. Retomar o fluxo de interesse para o modelo livro será o grande desafio perto da desigualdade instalada no ar. As grandes editoras deveriam atender a demanda virtual para o campo do impresso. O mesmo que lançar figurinha pela web e o álbum na banca.

O fato de a internet guardar um volume superior à capacidade de publicação se não enguiçou o mercado, acabará por travar a chance de sustentar o fetiche do livro no mercado, enquanto produto de consumo. Mesmo os piores que vendem como sabão. Ocorreu o mesmo com a música. A capa de um disco de vinil sustentava o fetiche dos ídolos com fotos e minúcias sensíveis da harmonia da produção. A gente chegava na festa com vinil de presente e era só alegria. O tamanho do CD tirou a graça do apelo visual. A primeira derrota.

Como não poderei estar presente ao evento do Sesc Consolação, em São Paulo, entre terça-feira (12) e sábado (16) da próxima semana, nesse elogiável projeto chamado de Cartografia Web Literária, participo daqui com a surpresa do óbvio. Publicar na internet pelo menos é ser lido por dez mil leitores contados, provavelmente leitores, levando em consideração que moro ao lado de um jornal sem editor, de quatro folhas, o mais expressivo, que não me publica. Existem vantagens. O objetivo é discutir as relações entre internet e literatura com as bases partindo do problema mercadológico. Subsistência. Antítese da vaidade dos blogueiros quando sabemos da gratuidade da participação pelo critério da pura vaidade.

Na verdade não passamos de explorados dentro do aparelho endeusado. Fruto do novo fluxo de entusiasmo eletrodoméstico. Acabamos como bobos úteis e felizes com a maquiagem da postagem. Logo o crédito aqui anunciado em posição subseqüente nunca chegou.

A web representa a exposição pela exposição e trata milhões de expoentes com a igualdade da indiferença de máquina. A linguagem de aparelho é o seu escudo. Funciona no sentido inverso, estimula o desembolso particular, para o desejo alimentado do Ser escritor. Romântico. Antigamente os grandes autores eram convidados para publicação. A seleção era tão rigorosa que restringiu os limites para o campo da imortalidade. A compensação veio com a web. Todo mundo pode dizer que é escritor genial da web. (Eu disse todo mundo!) Essa é a verdadeira contribuição da rede sem editores.

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* Comprei impressora para o micro e vou desligar a internet por um mês para comprar um novo cartucho de tinta e assim imprimir os meus textos aqui publicados. Há um grande volume além do receio de que alguma bobagem possa ter escapado ou não; além da hipótese de volatilização de todo o trabalho. É o lance de máquina com direito adquirido de sumiço. Um tópico que decerto não estará presente no evento devido à singularidade da complexidade, além do paralelo ao suspense do óbvio sobre o tema. Depois o livro não some com tanta facilidade. Com licença "creative".