Berimbau com Santo Daime: novos símbolos nacionais
Berimbau com Santo Daime: novos símbolos nacionais
Félix Maier
Depois que o berimbau se tornou patrimônio cultural brasileiro, nada melhor para simbolizar a preguiça brasileira do que esse "violão de uma corda só" que qualquer um pode tocar nas rodas de capoeira.
O violão de seis cordas é dificílimo de aprender. Por isso, causa enorme prazer ouvir um Baden Powell ou, no caso dos mais antigos, como eu, um Dilermando Reis (Som de Carrilhões, Abismo de Rosas). É prazeroso também ouvir o som sofisticado do violão de Caetano Veloso - apesar do que disse dos baianos aquele professor universitário de Salvador. Há gente que, não se contentando com o violão padrão, de seis cordas, criou o "violão de sete cordas", um espanto!
Por outro lado, para os preguiçosos, que não têm paciência em aprender o violão, restou o berimbau. Hoje, o símbolo por excelência da preguiça brasileira, já decantada por Monteiro Lobato, em personagem inigualável: o Jeca Tatu. Como se pode constatar, tanto a criatividade quanto a mediocridade brasileira não têm limites. Ela vai do violão de uma corda só até o de sete cordas. Quem sabe, no futuro, a 8 cordas, 10 cordas...
Para mim, ouvir berimbau é uma tortura só. Tenho a impressão que o som monocórdico desse tosco instrumento musical é ideal para quem gosta de "viajar", de preferência nas nuvens de baforadas de maconha.
Exagero meu? Não. O ministro cantante da Cultura, Gilberto Gil, quer agora tornar o Santo Daime também patrimônio cultural brasileiro. Não nos esqueçamos que ele entende do assunto, quando se trata de droga (ele até já foi preso ao portar maconha): ao compor a canção Eu quero falar com Deus, Gil estava levitando nas nuvens da cannabis, como ele próprio já declarou.
Berimbau com Santo Daime: só assim, com essa mistura tóin-tóin anestesiante, dá para ouvir aquele som chato que não muda de tom nunca...