A SAGA DE SEVERINO RAIMUNDO - 7º Capítulo

Passados os últimos momentos de agonia na frustada operação de troca sexual de Severino, o mesmo começa a restabelecer contatos com o pessoal que está à sua volta. Primeiro ele abre o olho direito, depois o esquerdo, mexe ligeiramente os dedos da mão esquerda, agora mexe com o dedão do pé esquerdo, dá uma pequena respirada e vê o seu peito se levantar. Agora tenta mexer com a sobrancelha, mexe a ponta da orelha, abre a boca (tudo ao mesmo tempo). Dá indícios que vai se levantar, faz força e nada, tenta levantar a perna e nada, tentar cruzar os braços e nada! E agora, o que será de Severino? Os médicos começam a diagnosticar o paciente aparentemente normal. Dão-lhe um beliscão no nariz e Severino sequer dá um berro.

Achando que o paciente está anestesiado, os médicos começam a operação assim mesmo. Bisturi pra cá, agulha pra lá, sangue pra tudo quanto é lado e PRONTO! A cirurgia foi um sucesso. Severino agora deixava se ser metade homem, metade mulher, para ser um homem. Os médicos mandam retirar o rapaz da sala de cirurgia para um leito de descanso por 5 dias. Passados os dias, Severino pede um cigarro para um visitante que passava na porta de seu quarto. O transeunde lhe deu um cigarro de palha, acendeu o mesmo na boca de Raimundo e quando este deu a primeira tragada. Começou a tossir disparadamente, cuspiu o cigarro na mesma hora e ficou se contorcendo na cama que nem uma minhoca. O camarada que lhe dera o cigarro tratou de sair correndo do quarto. Manchas vermelhas começaram a aparecer sobre a pele do paciente, não era sarampo, nem catapora. Os médicos chegaram 2 minutos depois. Diagnosticaram o pobre coitado e chegaram a uma conclusão: era Bexiga!!! A doença que assola o povoado da época de Xica da Silva parece ter tomado conta de nosso pobre Severino. Mas como o famigerado está no século XX e na Europa, o médico tratou logo de mandar a enfermeira trazer a vacina contra a peste. Depois da injeção, Severino teve mais um ataque de "minhoca", parecia que a anestesia ativou o seu gene adormecido de epilepsia e o que antes parecia hermafrodita se tornou mais um membro da classe epiléptica.

Depois de alguns dias em observação na clínica, Severino começou a fazer a sua viagem de volta para casa. Saiu da clínica e foi pegar um táxi ainda pela manhã. Com as malas na mão acenou para um, o mesmo parou do outro lado da rua, pois o trânsito estava caótico. "Direto para o aeroporto" - disse Severino. Rapidamente o nordestino já estava voando de vol- ta para casa. Viagem vem, viagem vai, um filminho, um lanchinho e a aeromoça veio trazer o último lanchinho. Era salmão cru com sanduíche natural. Primeiro foi-se o sanduíche, restava, porém, o salmão. Severino pegou o limão e espremeu na fatia de peixe, mas um pingo do extrato de limão foi direto para o seu olho. Ardendo pra burro, foi direto para o banheiro. Só que todos os 4 estavam ocupados. Com apenas um dos olhos abertos, pediu para belezura de aeromoça um copo de água e um guardanapo. De repente a crise de minhoca veio à tona em Severino. A princípio ele tentava controlar em pé mesmo. Só que os movimentos eram tão rápidos que ele não aguentou e caiu no chão, primeiro bateu a cabeça, depois foi tudo de uma vez. Recontorcendo, olhos virando como que nem uma montanha russa, boca torta e es- pumando que nem cachorro raivoso, aquela gente em volta, parecia que não poderia ficar pior do que já estava. A aeromoça chega e não sabe que atitude tomar. Chama a comissária loira, elas nunca tinham visto algo parecido e pra piorar um palestino revoltado, feio pra burro, que estava sentado na área destinada aos fumantes aproveita-se da situação para dizer que tem uma bomba em suas mãos e que vai explodir o avião se o piloto não fizer o que ele manda... (continua)