SEM NEXO
Sou poeteiro, logo, existo.
Uma poesia bem bolada,
vale mais que uma citação açucarada.
Pau que nasce torto, é espeto
na casa do ferreiro boiola.
Um bêbado que toma calmante
mija fora da bacia flutuante.
Quem com ferro fere,
olha nos zóios do pão bolorento,
e, em cima do jumento,
grita, chora, sorri,
sem parar de fazer birigüi.
Uma poesia é como um sabão:
cabe na palma da minha mão.
As rimas da minha vida
são para minha gatinha querida.
Cidadão com diarréia,
fica babo e entravado;
ao tomar calmante por engano,
passar a ficar tranquiiilo,
porém tooodo cagado.
Hehehehe!, riu o poeteiro,
nessa piada de brasileiro.
Desculpe, leitor, minha empolgação,
mas sou um sujeito alienado.
Vivo sem nexo, todo cuecão,
andando por aí, na solidão,
proferindo gaiatices exacerbadas,
envolvente, encalhado,
maledicente,
às turras esculhambadas...
carente.
Um poeta maluco como eu,
vive, sem saber se viveu.
É como dizia minha mãe:
“Filho, você será um doidão!
És gaiato, mas sem um tostão”.
E eu disse: “Mãe querida,
veja como está minha vida.
Estou no limbo do sem nexo,
sem amor, sem dinheiro,
às vezes sem sexo.
Sou escritor, poeta, dançarino,
homem-menino,
garanhão comedor,
flamenguista sofredor,
e muito libertino."
Mamãe se foi, coitada,
e eis que o poeteiro ficou,
nessa vida de curtição,
vivendo na contramão,
todo xixita-chupetão.
E, para finalizar,
este que ora vos escreve,
que da realidade se esconde,
um homem sem nexo,
cara complexo,
oferece essa poesia gritante,
para sei-lá-de-não-sei-dadonde.
Entendeu, leitor?
Não?
Você não entendeu porra nenhuma?
Ah! Deixa pra lá. Esquece...
Hehehehehe!
Fuuiii!
Moral da história:
- Todo poeteiro maluco tem a poesia que merece. Hehehehehehe!!!
Comentário final:
- Nessa vida, ó xente!, nóis sofri, mái nóis se diverti. Basta levá-la na prutanira e na molecagem, uai!
Hehehehehehe!!!