A SAGA DE SEVERINO RAIMUNDO - 1º Capítulo

A SAGA DE SEVERINO RAIMUNDO - 1º Capítulo

Severino Raimundo é um nordestino, nascido na Paraíba. Mais precisamente em Tambaba. Nosso personagem é um típico paraibano de cabeça chata, baixinho, pele morena e orelhudo. Mas nem por isso ele morreu de fome em sua terra natal. Filho de José Maria Raimundo e Maria José Raimundo, Severino nasceu de parto normal numa sexta-feira 13 às 23:59. Ele nasceu igual ao Macunaima, talvez isso explique a sua cabeça chata. Como ele era o 10º filho de Maria José, teve que vestir a camisa DEZ da seleção de futebol que o seu pai está formando já tem 9 anos, claro que, apesar de seu pé chato, seu pai contava com ele no seu time.

Nada parecido com o Pai, seu Raimundo desconfiava que o seu décimo filho era produto de vizinho. Quando o Severino completou 1 ano de idade, seu pai ficou olhando pra ele o dia inteiro e no final da noite, foi pra cama e disse pra sua mulher:

JMR> Ô Muie, que diacho o Severino tem que eu não tenho?

Surpreendida pela pergunta, dona Maria responde:

MJR> Ora, o seu filho só tem um buraco a mais que você.

JMR> Buraco a mais que ieu?

Seu José pula da cama como um jegue e vai logo correndo pra caixa de cerveja ver o seu filho. Ele tira a frauda de Severino e se surpreende com o que vê.

JMR> MARIA, MARIA!!! Corre a cá e me explica que buraco é esse que o nosso

fio tem.

Maria já quase caindo da cama de sono, se lenvanta e vai até a cozinha onde se encontrava a caixa de cerveja.

MJR> Aqui ô Zé, é o buraco a mais que o seu fio tem que você não tem.

JMR> Mas como pode uma coisa dessas. Por que ocê não me viso disso muié!

MJR> Ué, ocê não perguntou.

JMR> E agora muié o que nois vai faze com um fio que tem mais de um

buraco??

MJR> Sei lá. Vamo abri um circo aqui em casa e ganha uns trocado com ele.

JMR> Que mané circo. Acho melhor a gente esconde ele no calabouço.

MJR> Calabouço?? Mas aqui nois só tem a sala, a cozinha e o quarto que

fica tudo em dois cômodo, onde ocê vai arrumar um calabouço?

No dia seguinte ao aniversário de Severino, seu José vai até o lado de fora da casa e caminha com uma enxada na direção da única a fossa e começa a cavar um buraco ao lado dela. Depois de 3 dias e 3 noites, seu José acaba de construir o calabouço para colocar o Severino. A partir daí, a vida de Severino Raimundo começou a crescer. Com apenas 1 ano de idade ele já era o Rei do Cagado, morava ao lado de um banheiro e ocupava um espaço maior que a sua ex-caixa de cerveja. Os sons que ele ouvia dispensava o radinho de pilha, peidos e gemidos sincronizados faziam os ouvidos de Severino se encherem de cera. O ar puro que provinha do banheiro era de primeira qualidade. E a luz que ele recebia não poderia ser melhor que a do sol.

O tempo passou como num vapt-vupt e voalá! Severino já tinha 5 anos de idade a sua moradia improvisada já não comportava a sua cabeça chata. Mas como seus pais se achavam velhos demais para trabalhar, José tinha 27 e Maria 26, resolveram tirar de vez o Severino do calabouço e o botaram para estudar. Mas como lá por perto não tinha escola, seu José resolveu que Severino devia era trabalhar. Na realidade seu José queria era se livrar de um filho com um buraco a mais, e da vergonha de enfrentar os comentários dos vizinhos. Sendo assim, entregou a Severino um papel, uma caneta e uma camisa. E disse bem alto para o filho ouvir:

JMR> Filho, a cidade grande mais próxima fica a 43Km daqui, ocê vai te que

í lá longe e traze dinheiro pra nossa família. Toma aqui um bilhete

que eu escrevi, toma essa caneta pra ocê copia em mais papeis que

você encontra na sua viagem para a cidade grande e fica com essa

camisa que é pra ocê troca essa sua daqui a quinze dias. Entendeu?

Apesar de seus 5 anos de idade, Severino, que ouvia os peidos, os gemidos e as conversas de sua mãe com o vizinho, sabia o que o seu pai queria que ele fizesse.

Com a barriga cheia de vermes, Severino foi levado pelo seu pai até a beira da estrada e disse pra ele:

JMR> Fio, a partir daqui você segue o seu caminho.

Severino olha em seus olhos como um cachorrinho cheio de pulgas e pelancas e sai andando pela estrada de terra. Ao fundo, os seus irmãos vão observando Severino caminhando. Sua mãe chora e o seu pai sorri de alegria, pois agora ele não vai precisar falar que o seu filho é um Boyola com um buraco a mais que os outros meninos.

Na primeira noite que Severino faz a caminhada, ele consegue recolher um tantão de papel, do jeito que seu pai tinha falado. Mas não que derrepente, surge na estrada...

---

ATENÇÃO: Esta novelinha é ficcional. Todos o nomes ou fatos aqui citados são ficcionais.

Qualquer relação com a realidade é apenas uma mera coincidência.