Um causo cacofônico
O cidadão estava contando o causo em uma roda de potoqueiros:
-Eu resorvi fazê uma visita ao meu cumpade Juca Pão, na fazenda Barranco Preto, que teve viajano e tinha chegado a pocu de fora, e tinha ido buscar alho e pimenta.
Eu tava arrumano minhas coisa, quando a cumade Jandira, chegô e falô que quiria ir lá tamém. A minha patroa me priguntô:
-Cê ainda delata um poco? quero arrumá umas linguiça procê levá pru cumpade.
-Não, eu vô me já.
Tomemo café e fumo. Eu ca minha fiinha e a cumade ca dela. Fumo à pé, minha muié tem uma camionete a arcu, mais tinha acabado o arcu dela. Cumo a turma andava muito divagá, eu falei:
-Se fô desse jeito, eu vô largá oceis pra trais. No caminho, topei dano com a vara de tocá gado, nos seus boi carrero, meu vizinho Totonho. Cumprimentei ele, mais ele tava tão intirtido dano o corretivo nos boi que nem deu fé. Acenei e gritei cum ele, só ai que ele fé deu. Cumo meu tio tava cum um furuncu na bunda, passei no sitio do Levi Adão e da Eva Dia pra pegá um poco de azeite de mamona pra passá no furuncu dele. Aproveitei e enchi o imbornal de semente de quiabo seca pra prantá na minha horta. Eva falô:
-Tô fazeno um suco de graviola, ispera proceis tomá um sucuzinho.
Vi um enorme cago perto do cocho, e gritei:
-Cago no cocho, cago no cocho!
Ao sair do sitio, falei pra cumade Joana:
-Tô veno um ninho de urubu, cê tá?
Lá tinha um moleque caçano passarinho cum bodoque, raiei cum ele ele me jogô pedra.
Chegano no siitio do cumpade, e sintimo aquele chero bão de carne seno preparada. Falei cum ele:
-Que chero bão é esse cumpade? nois tá varado de fome.
Ele me falô que a muié dele tava apreparano uma maminha de alcatra. E chamô nois pra porvá da maminha da cumade...
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