PASSAMÃONAGUARDA
Ora, ora, ò pá!
Por que carga d'água anda pra lá e pra cá sem pé e nem cabeça com a cabeça nas nuvens em pé de guerra, meu caro e prezado Zé Povinho?
Por que não tira a corda do pescoço?
Está com as mãos atada?
Ou é por que não quer mesmo dar uma mãozinha de adeus com gostinho de bay bay Brazil a ficha caiu pra Corinha?
Ah! Já sei!
É dor de corno. É dor de cotovelo e não queres dar o braço a torcer [garçón trás + uma...]. Aguenta as pontas. Ou será pura maldade e escárnio?
De nada adianta seguir com uma perna às costas.
De nada adianta dar com o nariz na porta. Bater ou não bater com a língua nos dentes - eis a question?
Olha Zé Povinho deixa de ficar chamando-me por ai de : - Ó tio! Ó tia! Ó cunhado! Ó cunhada!
Sabe de uma coisa?
Pão, pão, queijo, queijo. Ou tu bota o rabo entre as pernas ou já fica de aviso prévio com os pés na cova.
Cuidado! Cuidado pra não entregar os pontos e nem dar na bandeja munição e pólvora pra calhorda e bandido te atirar.
Serás alvo e mira de tiro certo.
Uma coisa é certa, quem avisa amigo é, portanto é melhor pôr logo os pontos nos is e nos ypisilones. Mas fica atento com a pulga atrás da orelha e põe tuas longas barbas de molho.
Não fica só pensando na morte da bezerra e esperançoso de que tudo vai mudar, já que és burro de carga que carrega uma enorme pedra no sapato.
E digo mais caríssimo amigo já que a mala é sem alça vou te dar mais um conselho: ou tu mete a boca no trombone ou te faz de morto pra comer o cu do defunto.
Assim dando uma de João sem braço no meio dessa história cabeluda sem pé e nem cabeça, tu evitará meter os pés pelas mãos.
Não é mole não, é óbvio ululante que vai ser uma mão na roda!
Por outro lado caro amigo Zé Povinho sem querer trocar alhos por bugalhos ou urubu por meu loro, mais já trocando, segue imediatamente para casa de Corinha e lá pondo-te de pé com os pés bem atrás da porta e tudo ficará fácil de ser elucidado?
É só entrar e ouscultá-las falando de ti cobras e lagartos.
Classudo entra de mansinho com a faca e o queijo nas mãos.
Nada de chegar lá com cara "inhô zé" ou de quem comeu e não gostou todo cheio de dedos e com as mãos abanando. Chega como manda o figurino, vai logo botando azeitona na empadinha da vovó, e muitos menos sem essa de chorar de barriga cheia. Nada de vista grossa para os "mimos" da sogra, pois lá não é a casa-da-mãe-joana.
A Corinha é lindinha e desanuviada mais tem um quêzinho e uma aranha caranguejeira peluda e ordinária. Além de se tratar de uma chave de cadeia daquelas, tem um rabo que é de foguete. Nada de pressa e de avião, vai de van mesmo pois o apressado come crú e tu vai fazer um negócio da China. Daqueles negócios em que te mandam pra caixa prego lá onde o vento faz a curva na casa do chapéu pra tomar um bom chá de sumiço.
Sem querer tapar o sol com a peneira, jogar confetes ou rasgar seda, sei muito bem que tu não foste feito nas coxas, ou foi?
Eu sei que tu não és mais culpado do que vítima? Ou é?
Eu sei que tu não mereces tão vil
perfídia. Não é?
Espera! Espera! Calma! Muita calma e paciência, quando lá chegar no fundo do quintal fica à sombra da figueira pois existe uma boa sombra e da bom fruto. Contudo, nada lá é de se crêr. É tudo firula. São mentiras moféticas e estórias pra de ficar de queixo caído. É só flor que não se cheira, pois como gostam de uma fofoca.
À sombra da figueira não adormece. Paga na mesma moeda. Não dar colher-de-chá para aquelas víboras podem-lhe morder o pescoço e tu dar com os burros n'água já que vira-e-mexe tem uma que além de ser zureta, destrambelhada da cabeça e um verdadeiro xarope, é também avarenta, muquirana, miserável, unha-de-fome, dedo-duro, boca livre e ainda adora um barraco numa DP [Delegacia de Polícia]. Qual o nome da pecadora? Peca pela avareza no rol dos setes pecados capitais. Ora, ora é evidente que não vou dar nomes aos bois.
Não te permita deixar levar-se pelo conto-do-vigário senão em pouco tempo, isto é, de uma hora para outra com o mudar de lado o vento todas mudam também de lado e decerto transformá-lo-ão em gângster e facínora e ainda te mandam pentear cabelo de macaco sêco.
Abriga-te, se chover na tua horta nem pensar falar! É um tal de puxa-saco medonho. Noutra parte, se a fonte secar tem uma tal de saída coletiva à francesa em que todos e todas tiram o cavalinho da chuva e te mandam catar batata no asfalto de calças curtas, além, é claro, quando não te obrigam a dar banho e uma volta da vaca fria até que ela tussa.
Abrindo o jogo amigo, não deixa transcorrer demasiado tempo e vai abrindo bem os olhos para o coração.
Contudo, se alguma coisa der errado, nem por isso arranca as longas tranças da careca. Arregaça as mangas e te arma de amor e fé até os dentes.
Agarra com unhas e dentes a paixão altruísta e pede proteção divina.
Finalmente, só não deixa de gritar 3 vezes a plenos pulmões: Eu quero ir para onde o gato perdeu as botas. Quero ir lá para onde o profeta Zaratustra fez a víbora sugar de volta o veneno da sua própria picada. É isso mesmo, ora, ora, como pode uma serpente fajuta querer matar uma dragão? De volta, como eu ia dizendo, parla bem alto: eu quero passamãonaguarda. Eu quero passarmãonaguarda, lá tirarei água do joelho. Comprarei carinho, beijos, escrachos e afetos.
Lá serei eu o Amigo da Onça aquele da gravatinha de borboleta que só fala no tal do fiado só amanhã. Lá escutarei o Waldik Soriano e o Pink Floyd. Mas se tiver um boteco com Bach, Mozart, Villa Lobos e o Guerra Peixe vou fazer o maior tango, então assim baixarei da Web uns dowlauos muito doido e a [s] bola [s] dos hipócritas batendo na mesma tecla: Eu quero dar com pau num... Eu quero dar com pau num... Eu quero afogar o ganso... e blá, blá, blá...
Lá em passamãonaguarda finalmente andarei feito um anta e um barata tonta.
Lá serei eu passarinho que passou a mão na guarda do Rei.
Ave o Rei!
Por último repita bem alto: "estou por cima da carne seca".
E para encerrar, reza 3 Ave Marias e peça a Deus para que isso nunca te aconteça.
Deus é pai! Amém.
SERRAOMANOEL – SLZ/MA – TRINIDAD – 19.06.2008.