MINHA MAIOR FANTASIA...
Ah, mas não é o assunto que pensaram não!
Ultimamente tenho alimentado uma fantasia muito frequente, tamanho tem sido o meu...digamos, cansaço da cidade grande, pra ser bem educada.
Vez ou outra pela manhã, me pego imaginando: "e se eu largasse tudo agorinha, e fosse conhecer o país inteiro de carro?
Sabem, aquela coisa de jovem inconsequente, como já vimos, olha só que coincidência, em algumas recentes situações do cotidiano.
Mas é só coincidência mesmo, longe de assinar embaixo as aventuras de adolescentes...
Mas o fato é que tenho vontade de viajar de carro pelo país.
Ir parando por aí...sem lenço, e sem documento.
Tenho um amigão, já na casa dos oitenta anos, que nos bons tempos de juventude, aos setenta, viajou de São Paulo ao Norte/Nordeste de fusquinha.
Não acreditam? Ele e sua esposa de setenta...também.
Disse-me que o carro quebrou cinco vezes, nada que atrapalhasse a viagem!
-Vocês levaram mecânico na bagagem? perguntei.
Que nada, levaram mesmo foi a fantasia! E ainda me contou, que quando lá em cima chegaram, fizeram aquele tour pelo Rio Amazonas...não acreditei.
Queixou-se apenas do sanitário do barco, não muito agradável...e do calor.
Mas, comentando essa minha fantasia com alguém, logo fiquei meio assustada.
E há quem recentemente já a realizou aqui pelo "pedaço".
Logo perguntei como estavam as estradas, visto que todos sabemos que não andam nada bem.Aliás não andam! Nós é quem também não andamos nelas!
Mas, pasmem, olhem só o que me contaram.
Numa determinada cidadezinha, numa estrada dessas vicinais, havia um buraco. Pararam o automóvel para contorná-lo com cuidado.
E tão logo já aparecia a solução imediata.Coisa de brasileiro, sempre dando um jeitinho pra tudo!E bem rapidinho.
-Ô dona, dois real e a gente tapa o buraco.
Bem, afinal o que são dois reais para ver os pneus rolando sob uma suspensão íntegra, não é mesmo?
Eu teria fechado o negócio por bem mais. E com certeza eu não fecharia o buraco por real algum.
E foi o que aconteceu..pagou-se dez reais para aquele garoto tão gentil.Pagaram contentes, pois, claro, já haviam resolvido o problema da volta.
-Dona, tem troco?
-Não meu filho, teu serviço vale até mais, obrigada.
E assim seguiram viagem.
Mas qual não foi o susto quando na volta o buraco estava lá, e bem maior?
-Ô dona, "dez real" e a gente tapa o buraco!
-O quê, dez reais? Tudo isso? Mas você já não tinha fechado o buraco por dois?
-Mas dona, foi ocê mesmo que falou que meu trabalho vale mais que dez! E esse é mais grande, a dona tá no lucro!
E foi assim que me desestimularam a rodar pelo Brasil.
Não tenho automóvel com tração nas quatro rodas, embora rallys também sejam uma das minhas paixões!
A história que eu contei é verídica.
Eu apenas a inflacionei no finalzinho por conhecer o espírito do Brasileiro.
E não é difamação não, longe disso.
É apenas fruto da imaginação de quem observa os costumes por aqui, tão aculturados desde tão cedo, que até as crianças, muito espertas, logo aprendem que assistencialismo populista...vicia...mas não resolve a vida de ninguém.
Apenas tapa buracos que ficarão abertos...para sempre.