Casamento de pobre

Quem nesta vida não foi a um casamento de pobre e presenciou o que vou relatar, que me atire a primeira pedra.

Pra começo de conversa, a caligrafia do convite é uma piada. Borram os nomes dos nubentes, local do casamente, hora, data e por aí a fora.

O carro contratado para levar a noiva é um chevett do primo e terá problema com combustível logo ao sair. Uma desculpa pelo atraso.

E as fotos? O fotógrafo se vê louco. Todos querem uma foto ao lado dos noivos. No entanto ninguém vai comprar uma para lembrança. Vai esperar ganhar. Além do mais, quem vai querer comprar fotos de casamento de parente?

E a gravata do noivo? Prestem atenção nesse detalhe. Torta e combinando com as cortinas da casa do sogro.

E o vestido da noiva? Claro que foi emprestado de alguma prima e usado já umas quatro vezes. O branco está quase amarelando.

Na hora em que a noiva joga o buquê de flores é outra fiasqueira. Vai ter donzela se machucando sem falara na tristeza que fica no rosto de certas mães. Afinal, buquê é só um...

Outro detalhe que não passa despercebido é a cara de preocupação do pai da noiva. Tem que controlar as crianças para que não comecem a tomar refrigerantes antes da hora, pois poderá faltar na hora do rango.

Tem que cuidar do irmão mais velho que gosta de tomar umas a mais, vive se urinando e esquece o zíper da calça aberto e estar atento aos penetras. Eles nunca faltam. É muita responsabilidade para um homem só.

E o pai do noivo, nem aí.

Quando chega a hora de comer é uma correria. Até parece que os convidados temem ficar sem lugar para sentar. E sem comida.

Aí comem feito loucos e acabam passado mal.

A cerveja, quando é de boa qualidade, está quente. Quando está geladinha, é de uma marca nunca vista na região. Baratinha.

Se você pensa que as coisas acabam por aí, está enganado. No final da festa sempre tem um quebra pau entre parentes.

Se em casamento de pobre não tiver um arranca rabo, não é casamento.

Por isso, pobre não deveria fazer festa de casamento. Vai num departamento competente, tira um atestado de pobreza e o cartório faz o casamento de graça.

No religioso realize quando tiver um 'coletivo'. é baratíssimo e ainda tem a chance de sair na coluna social de algum jornal. Você já viu casamento de pobre ocupar espaço em jornal? Só se for na página policial.

Outra: que vantagem tem ficar servindo carne, maionese e bebidas para convidados que irão falar a semana inteira que não foram bem atendidos? Que isso ou aquilo foi mal feito?

Então sigam esse conselho: nada de festa. Nem que a noiva tussa.

A não ser que seja em ano político e algum bem aventurado candidato resolva bancar a festa.

Aí já é outra conversa. Não é mesmo senhor pai da noiva?