Fogo na Bu#&§@ ! ! !

Moçoila clara, alta, bem sacudida

Nos fundos do coletivo,

Com duas amigas,

Falando em tom muito alto:

Tô precisando de ser inTERNada

No (Hospital) Bom Retiro,

Pois, olho esta garrafa

De água mineral

E me dá vontade

De enTORNar cachaça

Até cair!

Senhora respeitável, no banco

Da minha frente, com sua filhinha:

---Ouve bem esta estripolia,

Este espalhafato,

Esta algazarra,

Esta algaravia,

Este espalha-brasas,

Falando, sem parar, alto

Pra todo o ônibus ouvir,

Pequeno pra tal gritaria?

É fogo na bu#&§@!...

--- U quê?... Retrucou o sério poeta,

Franzindo as sobrancelhas.

--- É fogo na bu#&§@!!... ...

--- U quêêêêê?... ...

--- Não compreendeu, não?

--- É fogo na bu#&§@!!!... ... ...

--- Ah! Ãh! Rãn Rãn!... ... ...

Pra mim mesmo?

Mas eu tão longe!

Mas ela já me viu?

Já ta me querendo?

Mas eu tão absorto

Em curtir minhas

Dores de amores!

Ainda lambendo as feridas,

De ressaca,

De dieta,

De canja de galinha,

Frutas, papinhas e mingau!

Mas valeu, minha

Trabalhadora senhora,

Na puritana Curita,

De siso até nos busão,

Eu gostoso ri,

Suspendendo meu siso.

Ainda hoje fogo tal

Encontrará um afogueado p*#§@,

Que o alimente

E num corta-fogo

O afogueie

Numa chuva d’água?

©

®Gabriel da Fonseca.

-Às Amigas Reais e Virtuais. Um poema-crônica à la Dalton Trevisan; 27/10/07;1029.

Gabriel da Fonseca

Publicado no Recanto das Letras em 10/05/2008

Código do texto: T983302

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