MACHISTA ATÉ AS COSTELAS

MACHISTA ATÉ AS COSTELAS

(Autor: Antonio Brás Constante)

O machismo não faz parte das origens da natureza do homem, mas foi muito bem plantado e implantado a esta natureza até ficar fortemente enraizado na cultura masculina (e feminina), parecendo que já nascemos com ele em nosso DNA. Podemos dizer que o feminismo foi uma conseqüência, ou melhor, uma resposta à repressão imposta pelo machismo, algo do tipo: “foram vocês que começaram, agora agüentem”.

Os pensamentos machistas podem ser encontrados em muitas culturas e até mesmo em alguns lugares considerados sagrados. Por exemplo: Se olharmos o Gêneses, do antigo testamento, veremos ali relatado que foi primeiramente o homem que pariu a mulher, utilizando uma de suas costelas (imaginem então se a mulher tivesse sido produzida a partir de um naco de filé mignon).

Mas não faltariam aqueles que, se pudessem escolher, ao invés de dar vida à mulher iriam preferir fazer aquele belo pedaço de costela bem assadinha e estariam no paraíso até hoje, sem conhecer as delicias do sexo oposto ou mesmo o gostinho de uma maçã. Penso que talvez até já tivessem virado vegetarianos para poupar as próprias carnes dessa autofagia desvairada.

Provavelmente essa foi à única vez na história contata como metaforicamente verdadeira, que o homem fez tal proeza. Depois disso, o ato de dar a luz acabou sendo relegado à mulher, junto com muitas outras tarefas, tais como: juntar lenha, buscar frutas silvestres, cuidar dos filhos, limpar a caverna, etc. Mas o texto bíblico não pára por aí, logo em seguida acusa a mulher de se deixar enrolar por uma serpente (possível origem da expressão “língua de cobra”), colocando nela a culpa pela expulsão de ambos do paraíso.

Os dois então vieram parar aqui na Terrinha, um lugar já habitado por seres terrestres, pois não consta na continuação da referida história que Caim e Abel tenham retirado alguma de suas costelas, ou qualquer outra parte de seu corpo para dar origem ao resto da humanidade.

Recentemente pude ter acesso há alguns textos de cunho histórico da escritora Géssica Hellmann (excelentes textos), que discorrem sobre estas e tantas outras disseminações de preconceito (principalmente contra a mulher), em épocas passadas, como nos tempos da inquisição.

São textos sérios (diferentes dos meus) e bem fundamentados, que qualquer pessoa deveria ler para conhecer melhor a história da humanidade, e saber bem onde está amarrando seu burrinho. É sempre bom conhecer as origens políticas, sociais e religiosas do mundo em que vivemos, e como foram feitas as bases de muitas dessas crenças e padrões de comportamento, e principalmente, o preço que se pagou por isso.

Enfim, o machismo é uma erva daninha e venenosa, plantada por nossos ancestrais, mas ainda muito cultivada e consumida nos dias de hoje. Resta-nos trocar esta forma de cultura agressiva por algo que produza sementes de harmonia e bem-estar coletivos. Somos os agricultores responsáveis por um futuro melhor, e os maiores beneficiados pelas colheitas advindas de nobres atitudes.

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Antonio Brás Constante
Enviado por Antonio Brás Constante em 24/05/2008
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