A "BOSSA" PEDIU:"-CHEGA DE SAUDADE!

Em comemoração aos cinquenta anos da Bossa Nova, que embora já grisalha, nos será eterna.

Mas como, não ter saudade!?

Do movimento que explodiu no final da década de cinquenta, mais precisamente em hum mil novecentos e cinquenta e oito, e que desafiava a transição da nossa música, do então genero do samba mais "puro" de Noel ,da "fase de ouro" da música popular , ou do estilo canção do "cantor da multidões" , para os acordes dissonantes que soavam no cotidiano da boêmia vida carioca.

Quiçá o "samba' reestilizado.Nem samba, nem canção: Surgia então, uma nova "bossa"...a do samba-canção!

Trazia uma influencia do Jazz norte americano nos acordes leves e inovadores, agradáveis aos ouvidos, dos quais Jõao Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes foram os maiores marcos.

A bossa nova foi um grande movimento revolucionário e cultural do "jeitinho" de se fazer música, que nos difundiu pelo mundo, a ganhar o reconhecimento internacional pela extrema qualidade e bom gosto.

Cantava a poesia colhida das praias, dos bares, da natureza, num timbre vocal característico, suave , leve, que dispensava os vozeirões.

Quase um cochicho poético ao pé do ouvido de quem ouve, um flagrante lamento musical das cordas dos violões e das teclas do piano que choravam poemas, como se constata na permanente parceria do Maestro Antonio Carlos Jobim e do poeta Vinicius de Moraes.

Temas angelicais, quase infantis como o "amor" (*Pois há menos peixinhos a nadar no mar...que os beijinhos que eu darei na sua boca..."), ( Ah,se todos fossem iguais a você...), cuja protagonista foi a "canção do amor demais"; ou temas mais picantes como a paixão e suas "dores de cotovelo" eram defendidos nos "saraus' dos bares do Rio, ainda considerado um movimento fechado, apenas da "elite' musical.

Mais tarde, a Garota de Ipanema de Tom e Vinícius e a " *Chega de Saudades" duas melodias que praticamente seriam o símbolo do movimento, se consagrariam a difundí-lo com total popularidade e aceitação, pelo Brasil e pelo mundo.

A partir daí o genero tomou forma.

Mais personalidades musicais foram surgindo, desde a "jovem guarda" até a progressiva transição para o que hoje chamamos de MPB, num genero de música com alma e personalidade bem definidas.

Assim, como tudo na vida , a arte musical também tem movimento, e está sempre a mudar.

Já no inícios dos anos setenta surge então um outro movimento "o Tropicalismo", no qual figuras como Gal Costa, Maria Betânia e Chico Buarque, também se valeriam da arte para expressão do nosso cenário social e político, o que valeu grandes confusões!

Vivíamos no pleno regime militar e a expressão artística era vigiada.

Com a abertura política em meados dos anos oitenta, a música popular brasileira deu o seu grito de liberdade, e se "comtemporanizou" vinda desde os primórdios da poesia dos morros encenada e cantada por CARTOLA , até os dias de hoje, a nos presentear com grandes ícones e maravilhosas pérolas de arte.

Cazuza, a meu ver, foi a grande expressão comtemporanea do grito da "NOVA" MPB, aonde música e poesia reverberaram a sua força artistica e política, a conscientizar, questionar e repudiar.

Aqui neste 'ensaio" deixo tão somente a minha visão do que vivi e senti dos movimentos musicais.

Durante dez anos da minha vida, bem nos primórdios dela, pude estar em contato com um "conservatório musical', era assim que se chamavam as escolas de música da época", e lá tive a felicidade de ter grandes mestres, e de muito cedo entrar em contato com a vasta produção da nossa arte, pelos vários movimentos de que se tem registro histórico.

A MPB é uma das nossas grandes bandeiras artisticas, e quando fora do país, nossa legítima identidade cultural, que nos aproxima e nos agrega.

Aqui por São Paulo temos várias rádios que não se furtam a mostrar a arte.

Há uma que adoro, a NOVA BRASIL FM, que é quase uma aula on line de MPB...pelo tempo, até aos grandes ícones da nova geração.

Vale conferir. Não concebo uma rádio brasileira que não toque MPB.É QUASE UM "SACRILÉGIO" À NOSSA CULTURA. Fica a mensagem.

Dia desses fiquei sabendo ATRAVÉS DUMA RÁDIO, que já existe "curso superior" em MPB. Desconhecia tal fato.

Achei mais do que justo. O assunto é vasto, complexo, e demanda a devida valorização.

Portanto, parabéns ao Brasil, e a todos àqueles que fazem da música, um dos nossos CARTÕES POSTAIS DA CULTURA.

E que me desculpem o Tom e o Vinícius...

Mas SAUDADE TAMBÉM É FUNDAMENTAL!