Minha mãe e eu
“Levanta daí menino!”, ordenou uma jovem de dezessete anos chamando a atenção de toda loja. “Você vai se sujar”, continuou pedindo ao seu filho no chão. Mal sabia ela que esse seu filho cresceria amando chão com cerâmica, principalmente para fazer textos com o notbok.
Ter o primogênito onze meses depois do casamento a dois dias do aniversário pode ser um presente daqueles, mas numa loja movimentadíssima, um ano e meio depois do feito virou presente de grego. “Levanta menino!”, agora chacoalhando-o.
Falar verdade não me lembro dessa história. Estou nas mãos da memória dos meus velhos. O que eles contam é que em casa o chão era batido, a loja toda na cerâmica. Prato cheio para o menino vislumbrado com tanto brilho. Dizem que essa loja o chão até refletia. “Levanta João!”, agora puxando pelo braço.
Um estalado se ouviu. “Não!”, sussurou ela sem acreditar. O muleque deslocou a clavícula. É o que dá medir forças com quem é altamente superior. Levado ao hospital com todo cuidado fui tratado.
Graças a 24 anos de cuidado, aqui estou inteiro, no chão, desejando a mãe que mais amo: Feliz dias das mães! Ainda bem que agora tenho mais força.
(Esse texto foi produzido no dia das mães de 2007, mas, por motivos alheios a minha memória, só agora publico)