Tributo a Artur da Távola
Tributo a Artur da Távola
Não sei bem, quando te encontrei pela primeira vez em minha emoção. Tu me falavas de sentimentos tão meus, que a sensação era a de termos descerrado juntos algumas páginas de nossas vidas. Em meio às incertezas de todos os meus caminhos, era em teu modo de falar sobre a vida, que eu buscava também aconchego.
Lembro-me do dia em que te escrevi pela primeira vez. Eu era a leitora encantada, ousando confessar-me em palavras quase silenciosas. E foi impossível ocultar de ti o rubor que denunciava a felicidade de saber-te tão próximo e humano, mesmo sendo tu uma das minhas maiores referências na literatura brasileira.
Quantas vezes, não me sentei ao lado das tuas palavras, sentindo o pulsar das tuas emoções? Quantas vezes, sem o saberes, foste o confidente de todos os meus silêncios, enquanto lágrimas me despiam o olhar?Quantas vezes foste a porta aberta, convidando-me a descobrir o mundo além de mim? Quantas vezes me levaste pelas mãos, fazendo-me rever os tons esmaecidos com que pintei em muitos momentos a aquarela da minha existência? Quantas vezes, ao deparar-me com tuas crônicas, dispus-me a perceber a música da vida e senti-me parte da orquestra que compunha o universo?
Hoje, tu te fazes saudade em meu olhar...mas continuaremos a nos encontrar, quando a solidão do meu silêncio mais uma vez buscar, a cumplicidade do abraço das tuas palavras.
Saudades, meu amigo Artur...
Fernanda Guimarães
09.05.2008