Amiga-irmã (à Elane Cristina)

Desde pequena cresci solta feito um bichino-índio, pelas ruas de Goiás, antiga Vila Boa, soltei pipa, joguei bola-de-gude, finca. Fiz fazendinha com boizinhos de manga verde, de chuchu e de tudo mais que pudesse colocar perninhas de palitos de fósforos. Fui um "menino" traquinas. Mas, também fiz roupinhas de boneca, comidinha, vendi cana (mamãe cortava no fundo do quintal), vendi banana e tudo mais que ganhava dos quintais da vovó e dos vizinhos, enfim fui "menina" empreendedora. Em todas estas minhas "artes", meu tio Ailton esteve presente, pois meus dois irmãos eram bastante pequenos. Quando cresceram, Mário e Marlúcio sempre estiveram mais disponíveis para eles mesmos, eu, a mais velha, ficava de fora, vigiando. Em síntese nunca tive uma irmã. E por achar m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o não ter que dividir meu espaço feminino, incluindo secador de cabelos, roupas, bijús e etc. Dizia o quanto era bom não ter irmã.

Até que um dia, anos idos, uma nordestina, exímia tapioqueira, pede meu auxílio para um empreendimento árduo, encarar o DA da universidade, não resisti ao desafio, topei. Em meio à tantos desafios e empreendimentos, fizemos tantas coisas juntas que fomos misturando tudo, amizade, coleguismo. Nossos filhos se dão bem, nossos amigos também, nós duas? Todos se admiram como nunca tivemos conflitos!

Hoje, sabendo de sua partida para Fortaleza, me vejo triste, tão triste quanto soube da partida de meu irmão Mário para Inglaterra. Você é meu ombro amigo, meu braço direito, confidente, enfim pau-pra-toda-obra.

Sabe Elane, sabendo que se aproxima a hora do adeus, que esta é nossa última semana "juntas", as lágrimas dominam meus olhos e com grande dor procuro uma forma de te dizer: Você é presente incrível que Deus me deu, é minha grande amiga e também irmã. Se tívessemos nascido do mesmo ventre, eu com certeza teria sido muito, muito mais feliz do que ter tido uma vida sem compartilhamento. Ser sua irmã é uma graça e às vezes engraçado (rsrs).

Agora, imortalizo aqui em rede aberta à quem se dispor à ler que a amo muito e:

"Elane, quando o sol se por no dia último de sua estada em Jaraguá,

Não se entristeça por demais, onde estiver, meu coração vai estar lá".

Sua amiga-irmã, sempre e para sempre...

... Mary Rezende

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 25/04/2008
Reeditado em 26/04/2008
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