Mãe negra...*
Mãe negra de pura alma,
alma cheia de segredos,
mistérios e venturas...
Mãe guerreira,
como as d'outras terras
que também são as tuas...
Mãe meiga,
Mãe candura,
Mãe doçura!
Mãe mistérios,
Mãe força natural e pura!
Mãe venturosa,
Mãe força na lide de viver,
de vencer as dificuldades,
as adversidades da vida
dos tempos de agora!
Mãe querida,
que em tuas noites mais escuras,
nos dias mais tortuosos,
Oxalá lhe estenda Suas luzes radiosas!
E o banhar-se nas águas de Oxúm,
mansas e cristalinas,
lhe retire as dores de tuas costas...
E as de teu coração também possa!
Inhançã varra tuas estradas,
com suas abençoadas forças,
retirando de teus passos
as folhas mortas... Os perigos... As armadilhas...
Feitas por quem nem te entende e nem gosta!
Ossanha forre estes teus caminhos
com outras folhas novas,
mais macias e perfumosas!
Oxumaré a proteja dos inimigos
que tenham se escondido em moitas próximas...
E tanto as viboras quanto seus venenos leve embora!
Omulu cure tuas chagas,
mesmo aquelas que lhe inflingimos
com as faltas nossas!
Que sua alma possa percorrer em paz
os seus caminhos d'alma,
na procura incessante do bem para nós!
Iemanjá possa com as forças de suas vagas,
indicar-lhe sempre os caminhos
nos oceanos de vida,
que por ela existem em todos nós...
E quando teu navegar-caminhar, Mãe andarilha,
te colocar nos picos das montanhas
possa Eua insuflar em teu ser, tua alma, teu peito
o mais puro ar das montanhas...
E que se renove tuas forças!
E que renovada por ela viva...
Solta!
Plena!
Como um pássaro livre e solto,
Águia sob o firmamento,
a ofuscar o sol,
a ofuscar as estrelas!
Oh! Mãe! De minhas vidas inteiras
quando correrdes pelas pradarias,
tenha as armas de Ogúm no peito!
As de Xangô á mostra na mão direita e na esquerda!
Para que não tombes nas guerras que enfrentas!
Para enfim, num plácido e cálido momento,
sorrir,
brincar,
sentir-se Ibejí...
Sem mácula!
Sem rancor!
Sem medos!
É o tempo, o tempo que se renova...
Te renova!
No seguir inclemente das horas
sejas sempre a Mãe negra de alma pura,
que traz paz a tudo que toca
e em tudo vê luz, vida e encantamentos!
Edvaldo Rosa
02/03/2008
*Este poema faz parte da Antologia Pangeia, Abrali Edições, Curitiba, 2009