Favo
Fiquei aqui pensando numa maneira de agradecer às duas pessoas que mais têm me ajudado numa nova fase. Pensei em dar um presente, mas não achei que seria o suficiente. Pensei em outras coisas que não podem expressar o que eu quero dizer. Então vou escrever. Pode ser que um presente seja melhor, mas as palavras fazem carinho no coração. É. Não pode ser menos que isso.
Toda pessoa que entra num relacionamento possui um favo cheio de buraquinhos. Alguns deles já estão preenchidos por características pessoais, outros serão preenchidos pela pessoa que caminha com você, mas tem outros que precisam ser preenchidos por outras pessoas.
Nesses buraquinhos entram as historinhas de muitos anos atrás, que só podem ser contadas por duas pessoas que conhecem quem você ama melhor do que qualquer um: sogro e sogra. Só eles lembram perfeitamente de toda gracinha de quando o seu grandão ou a sua pequenininha nem andava ainda. Você fica babando, achando tudo fantástico, se orgulhando de quem tem do lado. A própria pessoa não seria capaz de fazer isso, não porque não queira, mas porque não lembra, nunca soube ou não prestou atenção.
Da mesma maneira que só eles podem contar coisas fofas que vão despertar emoções boas, só eles podem mostrar os defeitos de forma tão serena que nem parecem mais defeitos, e sim algo totalmente possível de ser levado até o fim da vida. Eles são os responsáveis pelo favo ser inteiro e não apenas experiências conjuntas de duas pessoas e ninguém mais. Tem hora pra ser somente dois.
O que seria dessa nova vida numa cidade enorme sem a minha sogra? Eu nem sei. Seria cinza, com gosto de areia, na melhor das hipóteses. E sem o bom humor e as piadas do sogreto? Uma vida com menos risada é menos vida.
À minha queria sogreta por cozinhar as coisas que eu gosto, por me convidar para almoçar todo dia, por deixar minha cama preparada quando eu digo que tenho medo de dormir sozinha, por dividir comigo coisas pessoais, por confiar em mim pra conversar sobre qualquer coisa, por ser um exemplo de fé, por me levar e buscar no trabalho, por saber onde ficam aquelas fotos tão preciosas, por me aceitar desde o início e por ser o anjo e a grande suspiradora no fim do dia.
Ao meu sogro, pelas piadas tiradas dos momentos aparentemente sérios, por levar o que é realmente preocupante com serenidade, por se interessar pela vida de duas pessoas que tentam trilhar um caminho novo, pelas conversas sempre edificantes, pelo exemplo de vida.
Aos dois, por me tratarem como filha.
E eu não sei mais o que escrever... mas eu agradeço também por completarem o meu favo todos os dias.
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