UM HOMEM CHAMADO TRABALHO.

Lá vem aquele menino magricela descendo a serra que fica em frente à cidade de União dos Palmares! Ele trás sobre sua cabeça um tacho de rapadura feita no engenho do sítio de seu pai, seu Chiquinho de Moraes. Vai vender aquela deliciosa guloseima na feira de União.

Foi assim que começou a saga de um homem que dedicou a sua vida ao trabalho e à sua família!

José Edson Cordeiro Lins, nascido em 23/11/1930. Filho de Francisco de Moraes Lins e Regina Cordeiro Lins.

Menino trabalhador, voluntarioso, destemido! Quando ficou maiorzinho foi trabalhar na venda do seu tio Dão, no centro de União.

Aos catorze anos resolveu que tinha de mudar de cidade para trabalhar e crescer na vida! Mudou-se para Rio Largo. Imaginem um garoto de catorze anos, sozinho, fazendo a vida em uma cidade estranha! Deve ter comido o pão que o diabo amassou, mas ele conseguiu!

Tempos depois, mudou-se para Maceió, e trabalhando durante o dia, completou o segundo grau estudando à noite no Colégio Guido de Fontgalland.

Depois de muito namorar, casou-se com a bela Idalva. Em seu coração não houve mais lugar para nenhuma outra!

Trabalhava na Defesa Animal (Ministério da Agricultura), e como o salário não era lá essas coisas, com o objetivo de melhorar de vida, resolveu prestar o exame vestibular para a faculdade de Odontologia, no qual obteve êxito. Continuou trabalhando um horário na Defesa animal, e no outro, cursava Odonto. Formou um grupo de estudos com os colegas de faculdade. Quase todas as noites eles iam para a sua casa lá no bairro de Jaraguá, na Silvério Jorge, onde após um longo dia de trabalho e de estudos na faculdade, ainda estudavam e revisavam a matéria em casa!

Seus companheiros de estudo eram o Alberto; o Antônio; o Oceano e o Cícero. Com esforço e dedicação, Edson foi sempre um dos primeiros da classe. As medalhas recebidas durante o curso, ofertadas pela direção da Faculdade de odontologia e pelos fabricantes de equipamentos odontológicos, comprovam o sucesso do brilhantíssimo aluno.

Nessa época, ele já tinha uma filha, a mais velha, Valéria, e já havia perdido dois outros filhinhos, o Marconi e a Ivana, que foram embora muito cedo! Observem, meus caros, que com toda essa carga emocional, Edson conseguiu se formar sendo um dos melhores alunos que já passaram pelas bancas daquela faculdade!

Eu, Alberto Jorge, seu quarto filho, nasci no ano em que Edson se formou. Vim ao mundo em fevereiro e ele se formou em dezembro de 1962. Nota-se que ele também gostava de outras coisas além de estudar, não é mesmo?

Formado, deu início então a uma belíssima carreira. Por ser tão bom aluno, foi convidado a ensinar na Faculdade, na Cadeira de Semiologia.

O Dr. José Edson montou um consultório na rua Augusta, hoje Ladislau Neto, no centro de Maceió, mais precisamente na parte da frente da casa de seus pais, janela com a rua, lado esquerdo da casa. De 1962 até 1985 aproximadamente, este foi o seu endereço de trabalho.

Seu irmão Hildeberto, incentivado por Edson também cursou Odontologia, e ao formar-se, juntou-se a ele no consultório que fora ampliado com esse fim.

Em 1980 eu também prestei vestibular para Odontologia, formando-me em 1983, indo trabalhar na sala anteriormente ocupada por hildeberto, que havia transferido seu consultório para outro endereço.

Ivana Maria, quinta filha, que recebera o mesmo nome da terceira filha de Idalva e Edson, falecida ainda em tenra idade, também enveredou pelos caminhos odontológicos, porém, só veio juntar-se aos outros, já na Clínica da Av. Comendador Francisco Amorim Leão, no Farol, onde passamos aproximadamente 18 anos.

Antes disso, ainda estivemos por alguns anos na Rua Afonso Pena, nº 92, numa Clínica muito bem montada pelo Hildeberto.

Durante todo esse tempo, 45 anos (de Odontologia) em dezembro próximo, muitas coisas aconteceram: pessoas nasceram, pessoas morreram, o mundo mudou, o Brasil mudou, Maceió cresceu...

Hoje, acometido por alguns problemas de saúde, ao completar seus setenta e sete anos, Edson se vê forçado a fazer uma pausa em suas atividades profissionais! Por ele, uma breve pausa!

Eu particularmente acho que já está mais do que na hora dele gozar um pouco a vida. Há o tempo de plantar, e há o tempo de colher. Todo trabalhador merece aposentar-se um dia. É a lógica da vida!

Neste dia 23/11/2007, nos seus 77 anos, nós seus familiares e amigos, desejamos muitas felicidades, saúde e vida longa, pois, queremos festejar ainda os seus 100 anos!!!

Você que sempre foi um escravo do trabalho, sinta-se ALFORRIADO! Saiba que nós todos estamos assinando a sua CARTA DE ALFORRIA, e como homem LIBERTO que é, aproveite da melhor maneira possível essa liberdade. Estamos e estaremos sempre com você!!!