À Marlene
Para Marlene
Poetar é
Mostrar caminhos
Codificar pensares
Que levem a alma ao paraíso
Por entre paisagens floridas
Pássaros que revelam a canção dos anjos
Animais diversos que explicam o criador
Pedras reluzentes e multicoloridas
Cristais diluentes a formarem ribeirões
Riachos cantantes
Rios plácidos
Mares sem fim
Fadas a habitarem o chão de luz...
O poeta leva ao paraíso o mortal
Para pegar na mão de Deus
E remir-se
Curar-se
Toda dor
Toda culpa
Nada mais é
É o espírito abrandado
Eu não tenho o dom dos poetas
E vivo no acre.
Quem diria: isto é poesia?
Escrevo somente para
Abrir a carne partida
E mostrar a profundidade do talho.
Pois faço minha as palavras
Do poeta da minha terra:
‘Quero que esse canto
Feito faca
Corte a carne de vocês!’
Então
Regozijai tua alma cristalina
Até que não haja mais
Noite nem dia
Nem tempo nem espaço...
Tu és o sal da terra
Ou
A menina dos olhos de Deus?
És tão importante pra mim, amiga...